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sheilla borges dourado - uea - pós graduação

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85Outra vertente de demandas diz respeito ao reconhecimento e compensação porserviços ambientais prestados pelos povos indígenas. Como foi dito, os conhecimentostradicionais dos povos indígenas são apresentados como o elemento cultural que temviabilizado o manejo sustentável do meio ambiente. Esse elemento cultural permite,segundo os documentos do movimento indígena consultados, o “uso equilibrado danatureza”, considerando que ele envolve ainda “aspectos espirituais e simbólicos de cadapovo”.A “relação simbiótica” entre os povos indígenas e o meio ambiente, reiterada nodiscurso indígena, segundo o movimento, permite a conservação da diversidade biológica,podendo oferecer contribuições decisivas para o manejo sustentável da floresta pelas“comunidades locais”. Tal relação também permitiria encontrar respostas aos desafios das“mudanças climáticas”. Pelo que pude verificar, a ilusão dos “sujeitos biologizados”, quemantêm relação simbiótica com a natureza, idealmente explicaria esta forma decomunidade, cuja formação é automaticamente atribuída ao simples fato de viverem emconjunto numa mesma área 90 . Essa interpretação aparece explicitamente na Carta da Terrados Povos Indígenas, de 1992 e na II Carta de Manaus de 2004:Reconhecendo a relação harmônica que existe entre os povos indígenas e anatureza, os modelos de desenvolvimento ambiental e valores culturais devemser respeitados como distintas e vitais fontes de energia (Carta da Terra, 1992).(...) O que atualmente ocorre é a apropriação indevida dos conhecimentostradicionais, a desarmonização e a destruição da simbiose entre a natureza e aespiritualidade dos povos indígenas.Nossas sabedorias conectam sistemas de relações que envolvem os sereshumanos, ambientes naturais que são construídos em profunda sincronia com omundo espiritual, na qual se alimenta a vida cotidiana dos povosindígenas.”(Carta de Manaus, 2004).90 Essa interpretação corresponde ao surgimento de uma ecologia humana, das primeiras décadas do séculoXX, que estudaria uma parte da experiência dos homens considerada comparável, pelas relações simbióticas,a experiências semelhantes das plantas e animais. De acordo com essa abordagem, denominada de ecologicalaproach, no pensamento sociológico, plantas e animais podem estabelecer “comunidades”, pelo fato deviverem em conjunto e por serem separados por uma competição numa mesma área, mas não podemestabelecer sociedades, que são apoiadas em laços solidários, quais sejam: costumes, instituições e leis.(ALMEIDA, 2008, p. 64)

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