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sheilla borges dourado - uea - pós graduação

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86Nesse sentido, o mesmo pensamento vem justificando ações governamentais. Noque tange especificamente aos serviços ambientais, uma situação atual no Amazonasmerece leitura crítica. Trata-se da implantação do Programa Bolsa Floresta pelo governodo estado, em julho de 2007. Seu objetivo principal é “reconhecer, valorizar e compensaras populações tradicionais e indígenas do Estado – os guardiões da floresta – pelo seupapel na conservação das florestas, rios, lagos e igarapés”. O programa está incluído na leiestadual 91de “Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e DesenvolvimentoSustentável do Amazonas”, também de julho de 2007. Certamente que a redução dascomunidades e povos tradicionais à mera condição de “guardiões da floresta” remete paraum critério economicista, omitindo os fatores étnicos e identitários dos agentes sociais aelas referidos. De certo modo, essa perspectiva se traduz numa maneira de enfraquecer asidentidades coletivas - indígenas, quilombolas, ribeirinhos, de peconheiros, dequebradeiras de coco babaçu - uma vez que estas suas auto-definições são diluídas numaúnica atividade ou ocupação e tratadas de forma homogênea pela legislação.É atual a luta dos povos indígenas contra os impactos ambientais sofridos em seusterritórios, provocados pela degradação promovida pelo próprio Estado e por empresasprivadas 92 . No entanto, no que diz respeito à relação dos povos indígenas com o meioambiente e com o conhecimento tradicional associado à biodiversidade, é possível notar,por meio dos documentos analisados, as mudanças de posições dos sujeitos indígenas no91 Consiste na Lei Estadual n. 3.135/2007. Esse programa visa à redução das emissões por desmatamento,incentivando as comunidades residentes em unidades de conservação estadual com o pagamento de valor emdinheiro - hoje de R$ 50,00 (cinqüenta reais) – pela manutenção da floresta, encarada como um serviçoambiental. A Fundação Amazonas Sustentável é a instituição responsável pelo programa desde abril de 2008.Cf.http://www.fas-amazonas.org.br. Acessado em 21.05.09.92 No Amazonas, podem-se citar as tensões sociais que envolvem a construção das hidrelétricas do RioMadeira, uma ação governamental dentro da Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Regional SulAmericana (IIRSA), criada em 2000. “Os prejuízos causados pela execução do ‘Complexo Madeira’repercutirão sobre os povos indígenas que ocupam as Terras Indígenas Karitiana, Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Igarapé Lage, Ribeirão, Rio Negro Ocaia, Paccas Novas e Sagarana. Além da transformação radical danatureza, afetando as condições de caça, pesca e locomoção, haverá um aumento da pressão sobre as terrasindígenas e nas áreas de seu entorno, com a chegada de milhares de pessoas atraídas pelos novosinvestimentos na região.” (Boletim Informativo PNCSA n. 2, 2009).

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