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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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que ele já havia saído e que, sim, provavelmente tinha ido ao mesmo lugar.

Liguei para outro. Também já tinha saído. Meu pai disse: — Por que você

não liga para a Marzia? Está evitando a garota? Evitando não, mas ela parecia

complicada demais.

— Como se você não fosse! — acrescentou ele.

Quando liguei ela disse que não ia sair naquela noite. Havia frieza em sua

voz. Eu estava ligando para pedir desculpas.

— Soube que você esteve doente.

Não era nada. Respondi. Eu podia ir buscá-la de bicicleta para irmos juntos a

B. Ela disse que iria comigo.

Meus pais assistiam à TV quando eu saí. Ouvi meus passos no cascalho. Não

me importei com o barulho, porque me fazia companhia.

Ele também ouviu, pensei.

Marzia me encontrou em seu jardim. Estava sentada em uma cadeira velha de

ferro fundido, com as pernas esticadas à frente, só os calcanhares tocando o

chão. A bicicleta estava encostada em outra cadeira, o guidão também

tocando o chão. Ela usava suéter. Você me fez esperar muito, disse ela.

Saíamos por um atalho que era mais íngreme, mas que nos levou rapidamente

à cidade. A luz e o som da agitada vida noturna que vinham da piazzetta

invadiam os becos. Um dos restaurantes tinha o hábito de colocar mesinhas

de madeira na calçada sempre que sua clientela lotava o espaço alocado na

praça.

Quando entramos na piazza, a agitação me causou a habitual sensação de

ansiedade e inadequação. Marzia encontraria amigos, outros iam me

provocar. O simples fato de estar com ela seria um desafio para mim de

alguma forma. Eu não queria ser desafiado.

Em vez de nos juntarmos a algumas pessoas que conhecíamos em uma mesa

nos caffès, entramos na fila para comprar dois sorvetes. Ela pediu que eu

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