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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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Também esperava, no entanto, que ele aproveitasse a oportunidade do Sim, e

daí? não dito para me repreender, como costumava fazer quando eu era

desagradável, indiferente ou crítico demais com as pessoas que tinham toda

razão em se considerar minhas amigas. Em seguida, talvez acrescentasse o

clichê de sempre a respeito de como as boas amizades eram raras e que,

mesmo que as pessoas se revelassem difíceis depois de um tempo, ainda

assim a maioria delas tinha boas intenções e cada uma tinha algo de bom para

compartilhar. Nenhum homem é uma ilha, você não pode se fechar para os

outros, pessoas precisam de pessoas, blá-blá-blá.

Mas eu estava errado.

— Você é inteligente demais para não saber como era raro e especial o que

havia entre vocês.

— Oliver era Oliver — falei, como se isso resumisse as coisas.

— Parce que c’était lui, parce que c’était moi — acrescentou meu pai,

citando a explicação abrangente de Montaigne para sua amizade com Étienne

de la Boétie.

Já eu, estava pensando nas palavras de Emily Brontë: porque “... ele é mais

eu do que eu mesma.” — Oliver pode ser muito inteligente — comecei.

Mais uma vez, a falsa ascensão na entonação anunciou um mas invisível

entre nós. Qualquer coisa para impedir que meu pai me fizesse avançar por

aquele caminho.

— Inteligente? Ele era mais do que inteligente. O que havia entre vocês tinha

tudo e nada a ver com inteligência. Ele era bom, e vocês dois tiveram sorte de

se encontrar, porque você também é bom.

— Acho que ele era melhor do que eu, pai.

— Tenho certeza de que ele diria o mesmo sobre você, o que diz muito dos

dois.

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