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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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mesmo banheiro juntos.

— Não dê descarga — falei. — Quero ver.

O que vi trouxe à tona a compaixão, por ele, por seu corpo, por sua vida, que

de repente parecia tão frágil e vulnerável.

— Nossos corpos não têm mais segredos agora — falei enquanto me sentava.

Ele tinha entrado na banheira e estava prestes a abrir o chuveiro.

— Quero que você veja o meu — pedi.

Ele fez mais do que isso, saiu, beijou minha boca e, massageando minha

barriga com a palma da mão, assistiu a tudo acontecer.

Eu não queria segredos, nem barreiras, nada entre nós. Mal sabia que, se

sentia prazer na franqueza completa que nos aproximava ainda mais a cada

vez que jurávamos que meu corpo é seu corpo, também era porque gostava

de reacender a pequena lanterna de vergonha ignorada.

Ela lançava um brilho esparso exatamente na parte de mim que preferia a

escuridão. A vergonha andava no rastro da intimidade imediata. A intimidade

poderia permanecer quando a obscenidade chegasse ao fim e nossos corpos

tivessem usado todos os truques? Não sei se fiz essa pergunta, assim como

não tenho certeza de que sou capaz de respondê-la hoje. Nossa intimidade era

paga com a moeda errada? Ou a intimidade é produto desejado

independentemente de onde é encontrada, como é adquirida, pelo que é

trocada — mercado negro, mercado cinza, taxada, não taxada, por debaixo da

mesa, sobre o balcão? Tudo o que eu sabia era que não tinha mais nada a

esconder dele.

Nunca tinha me sentido tão livre ou tão seguro.

Ficamos sozinhos por três dias, não conhecíamos ninguém na cidade,

podíamos ser o que quiséssemos, dizer qualquer coisa, fazer qualquer coisa.

Eu me sentia um prisioneiro de guerra que de repente é libertado por um

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