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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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Por que você não me deu um sinal? — perguntei.

— Eu dei. Ou tentei, pelo menos.

— Quando? — Um dia depois do tênis. Toquei em você. Era uma maneira de

demonstrar que gostava de você. O modo como você reagiu me fez sentir

como se eu praticamente o tivesse molestado. Decidi manter distância.

* * *

Nossos melhores momentos aconteciam à tarde. Depois do almoço, eu subia

para tirar um cochilo quando o café estava prestes a ser servido.

Então, quando os convidados do almoço tinham ido embora, ou se retirado

para descansar na casa de hóspedes, meu pai ia para o escritório ou deitava

para cochilar com minha mãe. Às duas da tarde, um silêncio intenso se

instalava sobre a casa, sobre o mundo, interrompido aqui e ali pelo arrulhar

dos pombos ou pelo martelo de Anchise quando ele trabalhava em suas

ferramentas tentando não fazer muito barulho. Eu gostava de ouvi-lo

trabalhar à tarde, e mesmo quando as batidas me acordavam, ou quando

ouvia o amolador de facas nas tardes de quarta-feira, eu me sentia tão

descansado e em paz com o mundo quanto me sentiria anos mais tarde ao

ouvir uma sirene distante em Cape Cod no meio da noite. Oliver gostava de

manter as janelas e persianas totalmente abertas à tarde, apenas as cortinas

finíssimas esvoaçando entre nós e a vida lá fora, porque era um “crime”

bloquear tanta luz solar e manter uma paisagem daquela longe do nosso

campo de visão, principalmente para quem não teria aquilo pela vida inteira,

dizia ele. Os campos ondulados do vale que levava às colinas pareciam sentar

sobre uma névoa crescente verde-oliva: girassóis, videiras, as lavandas

esparsas e as oliveiras rasteiras e humildes, curvadas como espantalhos

velhos e enrugados, olhando pasmas pela nossa janela quando estávamos nus

na cama, o cheiro do seu suor, que era o cheiro do meu suor, ao lado do meu

homem-mulher, e eu seu homem-mulher, e à nossa volta o aroma do sabão de

camomila da Mafalda, que era o aroma do mundo vespertino da nossa casa.

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