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— Por isso você queria passar aqui? — Com você.
Eu já tinha contado a história. Um jovem de bicicleta, três anos antes,
provavelmente durante as férias, entregador de compras ou garoto de recados,
veio por um caminho estreito com o avental, me encarando, eu encarando de
volta, sem sorrir, só um olhar apreensivo, até passar por mim. E então fiz o
que todos esperam que façamos nesses momentos. Esperei alguns segundos,
então virei. Ele fez exatamente a mesma coisa. Na minha família, não
falamos com estranhos. Ele, sim.
Virou a bicicleta e pedalou até me alcançar. Algumas palavras insignificantes
para jogar conversa fora. Como era natural para ele.
Perguntas, perguntas, perguntas — só para manter a conversa fluindo —, e eu
nem sequer tinha fôlego para responder “sim” ou “não”. Ele me
cumprimentou, mas era só uma desculpa para pegar minha mão.
Então colocou o braço em meu ombro e me puxou para perto, como se um de
nós tivesse contado uma piada que nos fez rir e nos aproximarmos. Eu queria
encontrá-lo em um cinema ali perto? Balancei a cabeça. Eu queria segui-lo
até a loja (o chefe provavelmente já teria ido embora a essa hora)? Fiz que
não de novo. Você é tímido? Assenti.
Isso tudo sem largar minha mão, apertando minha mão, apertando meu
ombro, passando a mão em minha nuca com um sorriso paternalista e
indulgente, como se já tivesse desistido, mas ainda não estivesse pronto para
admitir. Por que não?, seguia perguntando. Eu poderia ter aceitado,
facilmente, mas não aceitei.
— Recusei tantos convites. Nunca fui atrás de ninguém.
— Veio atrás de mim.
— Você deixou.
Via Frattina, via Borgognona, via Condotti, via delle Carrozze, della Croce,