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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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de algodão tão perto de mim agora, encostando levemente em meu rosto

enquanto ele ficava ali, pronto para deixar o roupão cair.

Ele veio descalço? Tinha trancado a porta ao entrar? Estava tão duro quanto

eu, e seu pau já queria sair do roupão, por isso o cinto estava quase

acariciando meu rosto, ele estava fazendo isso de propósito, eram cócegas em

meu rosto, não pare, não pare, nunca pare. Sem aviso, a porta começou a

abrir. Por que abrir a porta agora?, eu me perguntei.

Tinha sido só uma corrente de ar. Uma corrente de ar tinha fechado a porta. E

uma corrente de ar tinha aberto a porta. O cinto que tinha feito cócegas em

meu rosto não era nada mais que o mosquiteiro encostando em meu rosto

quando eu respirava. Do lado de fora, eu ouvia a água escorrer no banheiro,

horas e mais horas pareciam ter passado desde que ele tinha entrado no

banho. Não, não era o chuveiro, mas a descarga. Nem sempre funcionava e às

vezes esvaziava quando estava prestes a transbordar, para encher de novo e

esvaziar de novo, e mais uma vez, a noite toda. Quando saí na varanda e

percebi a delicada luz azulada contornando o mar, soube que já estava

amanhecendo.

Acordei de novo uma hora depois.

No café da manhã, como de costume, fingi nem notar sua presença.

Foi minha mãe quem falou primeiro, Ma guardi un po’ quant’ è pallido, olhe

só como está abatido! Apesar das brincadeiras, ela continuava sendo formal

quando falava com Oliver. Meu pai ergueu o olhar e continuou lendo o

jornal.

— Espero que tenha ganhado muito dinheiro ontem à noite, ou vou ter que

me explicar ao seu pai.

Oliver abriu o topo do ovo quente com a colher de chá. Ainda não tinha

aprendido.

— Eu nunca perco, Pro.

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