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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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— Mal nenhum. Mas prefiro que isso aconteça por mim mesmo, se não se

importa.

Demorei um tempo para entender o que eu realmente queria com aquilo. Não

só fazer que ele ficasse excitado diante de mim, ou que ele precisasse de

mim, mas, ao incentivá-lo a falar sobre Chiara, eu a tinha transformado em

objeto de fofoca masculina. Isso permitiria que nos aproximássemos por meio

dela, que superássemos a distância entre nós ao admitir que nos sentíamos

atraídos pela mesma mulher.

Ou eu só queria que ele soubesse que eu gostava de garotas.

— Olha, é muita gentileza sua. Muito obrigado. Mas não faça isso.

Sua repreensão foi um aviso de que ele não participaria do meu jogo.

Ele estava me colocando em meu lugar.

Não, ele fazia o tipo nobre, pensei. Não era como eu, sinistro, baixo e

traiçoeiro. O que fez com que minha agonia e minha vergonha aumentassem.

Agora, além de sentir vergonha por desejá-lo como Chiara desejava, eu o

respeitava e temia, e o odiava por fazer com que eu me odiasse.

Na manhã após aquela noite em que vi os dois dançando, não fiz menção de

me juntar a ele. Nem ele de se juntar a mim. Quando sugeri que fôssemos

correr, porque o silêncio havia se tornado insuportável, ele disse que já tinha

ido.

— Você tem acordado tarde ultimamente.

Inteligente, pensei.

De fato, nas últimas manhãs, eu tinha ficado tão acostumado a encontrá-lo

esperando por mim, que me tornei descuidado e não me preocupava mais

com a hora de levantar. Aquela seria uma bela lição.

Na manhã seguinte, embora quisesse nadar com ele, descer pareceria uma

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