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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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qualquer coisa que pudesse acontecer porque não teria volta, aquele era seu

jeito de pedir, e aquela era minha chance de dizer não ou de dizer algo e

ganhar tempo para discutir mais a questão comigo mesmo, agora que

havíamos chegado a esse ponto… mas eu não tinha mais tempo, porque ele

aproximou os lábios dos meus, em um beijo terno, conciliatório, encontrovocê-no-

meio-do-caminho-mas-não-além, até perceber o quanto os meus

estavam famintos. Gostaria de saber calibrar meu beijo como ele. Mas a

paixão nos permite esconder mais e, naquele momento no penhasco de

Monet, se queria esconder alguma coisa sobre mim naquele beijo, eu também

estava desesperado para me perder nele, como quando desejamos que o chão

se abra sob nossos pés e nos engula.

— Melhor agora? — perguntou ele.

Não respondi, mas levantei o rosto e o beijei mais uma vez, um beijo quase

selvagem, não porque eu estivesse cheio de paixão ou porque não tivesse

encontrado no primeiro o fervor que procurava, mas porque não tinha certeza

de que nosso beijo tivesse me convencido de qualquer coisa sobre mim. Nem

tinha certeza de que havia gostado tanto quanto esperava gostar, e precisava

testar de novo. Mesmo no ato em si, ao que parece, eu preciso testar o teste.

Em minha mente surgiam os pensamentos mais mundanos. Tanta negação? ,

teria comentado um discípulo menor de Freud. Tentei sanar minha dúvida

com mais um beijo violento. Eu não queria paixão. Não queria prazer. Talvez

nem mesmo quisesse provas. E não queria palavras, conversas bobas,

conversas importantes, conversas sobre bicicletas, sobre livros, nada disso.

Só o sol, a grama, a brisa do mar e o cheiro do seu corpo emanando de seu

peito, seu pescoço, suas axilas. Apenas me pegue e me molde, me vire do

avesso, até que, como um personagem de Ovídio, eu e sua luxúria sejamos

um só, era isso que eu queria. Coloque em mim uma venda, segure minha

mão e não me peça para pensar — você pode fazer isso por mim? Eu não

sabia aonde tudo aquilo levaria, mas estava me entregando a ele, centímetro a

centímetro, e Oliver devia saber, porque senti que ele ainda mantinha certa

distância entre nós. Embora nossos rostos se tocassem, os corpos estavam

distantes. Eu sabia que qualquer coisa que fizesse agora, qualquer movimento

poderia desfazer a harmonia do momento. Então, imaginando que

provavelmente não haveria outro beijo, comecei a testar a eventual separação

de nossas bocas e descobri, ao fazer menção de terminar o beijo, o quanto

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