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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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transformada em mesinha de canto, livros, cartões, música.

Decidi entrar embaixo das cobertas. Amei o cheiro. Quis amar o cheiro.

Gostei até do fato de ter coisas que não haviam sido tiradas de cima da cama,

e não me incomodou ficar batendo o joelho nelas e enfiando o pé embaixo

delas, porque eram parte da sua cama, da sua vida, do seu mundo.

Ele também entrou embaixo das cobertas e, antes que eu pudesse me dar

conta, começou a tirar minha roupa. Eu tinha ficado preocupado, pensando

em como ia ficar nu, em como, caso ele não ajudasse, ia fazer o que tantas

garotas fazem nos filmes, tirar a camiseta, abaixar a calça e ficar ali, pelado,

os braços ao lado do corpo, como quem diz: Aqui estou eu, sou assim, venha,

me tome, sou seu. Mas ele tinha resolvido o problema.

— Isso sai, e isso sai, e isso sai, e isso sai… — sussurrou ele.

Aquilo me fez rir e, de repente, eu estava totalmente nu, sentindo o peso do

lençol no meu pau, e não havia mais nenhum segredo no mundo, porque o

desejo de estar na cama com ele era meu único segredo, e agora estava

compartilhando a cama com ele. Como era maravilhoso sentir suas mãos por

todo o meu corpo embaixo dos lençóis, parecia que parte de nós, como um

grupo adiantado de exploradores, já tinha chegado à intimidade, enquanto o

restante, exposto do lado de fora dos lençóis, ainda estivesse lidando com

minúcias, como os retardatários batendo os pés no frio enquanto todos já

estão se aquecendo do lado de dentro da boate lotada. Ele ainda estava

vestido, e eu, não mais. Amei ficar nu diante dele. Então ele me beijou, e me

beijou de novo, mais profundamente na segunda vez, como se também

estivesse por fim se libertando. Em algum momento percebi que ele já estava

nu havia um tempo, embora não tenha percebido quando tirou a roupa, mas

ali estava ele, nenhuma parte do seu corpo não me tocava. Onde eu havia

estado? Tinha pensado em fazer a pergunta delicada, mas ela também já

parecia ter sido respondida havia um tempo, porque quando finalmente tive

coragem de perguntar, ele respondeu: — Eu já disse, estou bem.

— Eu disse que também estava bem? — Sim.

Ele sorriu. Desviei o olhar, porque ele estava me encarando, e eu sabia que

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