12.03.2020 Views

Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Seria? Então existia um fio de esperança? Ele se sentou na grama, então

deitou de costas, com os braços embaixo da cabeça, olhando para o céu.

— Sim, seria. Não vou fingir que não passou pela minha cabeça.

— Eu seria o último a saber.

— Bem, passou. Pronto! O que você achou que estava acontecendo? —

Acontecendo? — balbuciei uma pergunta. — Nada. — Pensei um pouco

mais. — Nada — repeti, como se o que eu estava começando a entender

fosse tão amorfo que poderia facilmente ser desconsiderado pelo “nada” que

eu repetia, preenchendo os momentos insuportáveis do silêncio. — Nada.

— Entendi — respondeu Oliver. — Você entendeu errado, meu amigo… —

Havia certo tom de censura condescendente em sua voz. — Se vale de

alguma coisa, eu tenho que me segurar. Está na hora de você aprender

também.

— O melhor que posso fazer é fingir que não ligo.

— Isso já está claro há um bom tempo — rebateu ele.

Fiquei arrasado. Todas aquelas vezes que pensei que o estava insultando ao

deixar claro o quanto era fácil ignorá-lo no jardim, na sacada, na praia, ele

nunca se deixou enganar e viu claramente minha jogada irritadiça e óbvia.

Aquela confissão, que parecia abrir todas as comportas que existiam entre

nós, foi exatamente o que afogou todas as minhas esperanças.

Para onde ir agora? O que mais havia para dizer? E o que aconteceria da

próxima vez que fingíssemos não conversar, mas não tivéssemos mais certeza

de que a frieza entre nós era falsa? Falamos um pouco mais, até que a

conversa acabou. Agora que tínhamos colocado as cartas na mesa, era hora

de jogar conversa fora.

— Então Monet vinha aqui pintar? — Vou mostrar para você lá em casa.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!