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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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No carro, eu estava feliz. Mas fiquei pensando na Basílica e na semelhança

com aquela noite, uma coisa levando à outra, e à outra, e a algo

completamente inesperado, e quando pensamos que o ciclo secou nasce algo

novo, e depois disso outra coisa, até percebermos que talvez tenhamos

voltado ao início, ao centro da velha Roma, para onde estávamos de fato nos

dirigindo. Um dia antes, fomos nadar ao luar.

Agora estávamos aqui. Em alguns dias ele iria embora. Se eu pudesse voltar

exatamente um ano no tempo... Enlacei meu braço no de Oliver e me encostei

em Ada. Peguei no sono.

Já passava da uma da manhã quando o grupo chegou ao Caffè

Sant’Eustachio. Pedimos cafés para todos. Pensei que soubesse por que todos

juram pelo café de Sant’Eustachio; ou talvez quisesse acreditar que sabia,

mas não tinha certeza. Eu nem sabia se gostava dele. Talvez os outros

também não gostassem, mas se sentissem obrigados a concordar com a

opinião geral e afirmar que também não podiam viver sem ele. Havia uma

multidão de consumidores de café em pé e sentados em volta da famosa

cafeteria romana. Eu amava ver todas aquelas pessoas com roupas leves tão

próximas de mim, todas compartilhando a mesma coisa elementar: o amor

pela noite, o amor pela cidade, o amor por seu povo e um desejo ardente por

união… com qualquer pessoa.

Amor por tudo que evitasse que os pequenos grupos ali reunidos se

dispersassem. Depois do café, quando nosso grupo considerou se separar,

alguém disse: — Não, não podemos nos despedir ainda.

Alguém sugeriu um bar perto dali. A melhor cerveja de Roma. Por que não?

Então descemos uma longa e estreita ruela que levava em direção ao Campo

de’Fiori. Lucia foi andando entre mim e o poeta.

Oliver, conversando com as duas irmãs, atrás de nós. O velho tinha feito

amizade com a Straordinario-fanstatico e os dois estavam confabulando sobre

São Clemente.

— Que metáfora sobre a vida! — disse Straordinario-fanstatico.

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