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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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estava vermelho, e sabia que faria uma careta, embora quisesse que ele

continuasse me encarando mesmo que aquilo me deixasse envergonhado, e

queria continuar a encará-lo quando assumimos a posição que simulava uma

luta livre, seus ombros roçando meus joelhos. Como tínhamos avançado

desde aquela tarde em que tirei minha cueca e coloquei seu calção de banho e

pensei que aquilo seria o mais perto que seu corpo chegaria do meu. Agora

isso. Eu estava na cúspide de algo, mas também queria que durasse para

sempre, porque sabia que a partir dali não havia mais volta. Quando

aconteceu, aconteceu não como eu sonhei, mas com um grau de desconforto

que me obrigou a revelar mais de mim do que eu gostaria. Tive um impulso

de interrompê-lo e, quando ele percebeu, perguntou, mas eu não respondi, ou

não sabia o que responder, e uma eternidade pareceu passar entre minha

relutância em relação a tomar aquela decisão e o impulso dele de decidir por

mim. Deste momento em diante, pensei, deste momento em diante… tive,

como nunca antes, a nítida sensação de ter chegado a um lugar muito

estimado, de querer aquilo para sempre, de ser eu, eu, eu, eu e mais ninguém,

só eu, de encontrar em cada arrepio que percorria meus braços algo

completamente novo, mas nada estranho, como se aquilo fizesse parte de

mim a vida inteira, algo que eu tivesse perdido e ele tivesse me ajudado a

encontrar. O sonho estava certo… era como voltar para casa, como perguntar

Onde eu estive todo esse tempo? Que era outro jeito de perguntar Onde você

estava durante minha infância, Oliver? Que era ainda outro jeito de perguntar

O que é a vida sem isso? Motivo pelo qual, no fim das contas, fui eu, e não

ele, que deixou escapar, não uma, mas muitas, muitas vezes Você vai me

matar se parar, você vai me matar se parar, porque também era meu jeito de

unir o sonho e a fantasia, eu e ele, as palavras tão esperadas de sua boca para

a minha boca e de volta para a dele, trocando palavras de boca em boca, que

foi quando devo ter começado a proferir obscenidades que ele repetia depois

de mim, baixinho no início, até que disse: — Me chame pelo seu nome e eu

vou chamar você pelo meu.

Era algo que eu nunca tinha feito na vida e, assim que disse meu próprio

nome como se fosse dele, fui levado a um domínio que nunca tinha

compartilhado com ninguém, e que não compartilhei desde então.

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