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Foi o que ele acrescentou embaixo das minhas palavras.
Tinha deixado antes do café da manhã.
Essa percepção me ocorreu com alguns minutos de atraso, mas me encheu de
ansiedade e desânimo imediatos. Eu queria isso, agora que me ofereciam? E
estava de fato sendo oferecido? E se eu quisesse ou não quisesse, como
sobreviver até a meia-noite? Mal tinha passado das dez da manhã: ainda
faltavam quatorze horas… A última vez que esperei tanto tempo por alguma
coisa foi pelo meu boletim. Ou em um sábado dois anos antes quando uma
garota prometeu que me encontraria no cinema, e eu não tinha certeza se ela
tinha esquecido. Metade de um dia assistindo à minha vida inteira ser
colocada em espera. Como eu odiava esperar e depender do capricho dos
outros.
Será que eu devia responder ao bilhete? Não dá para responder uma resposta!
Quanto ao bilhete: o tom era intencionalmente leve, ou o objetivo era parecer
um pensamento rabiscado minutos depois da corrida e segundos antes do café
da manhã? Eu percebi a cutucada em meu sentimentalismo operístico seguida
pelo confiante e básico vejo você à meia-noite. Seria um bom presságio? E
qual ganharia, o golpe de ironia ou o animado vamos nos encontrar mais
tarde e ver no que dá? Íamos conversar… só isso? Seria uma ordem ou um
consentimento me encontrar em uma hora descrita em todo romance e toda
peça? E onde nos veríamos à meia-noite? Ele encontraria um momento ao
longo do dia para me dizer o local? Ou, consciente de que eu havia passado a
noite inteira inquieto e de que a armadilha que separava nossos lados da
varanda era totalmente artificial, ele imaginava que um de nós cruzaria a
Linha Maginot como se fosse a coisa mais fácil do mundo? E o que seria do
nosso quase ritualístico passeio de bicicleta pela manhã? “Meia-noite”
substituiria o passeio matinal? Ou seguiríamos como antes, como se nada
tivesse mudado, a não ser pelo fato de que tínhamos um “meia-noite” pelo
qual esperar? Quando o encontrar a partir de agora, devo dar um sorriso
significativo ou seguir como antes, oferecendo, em vez disso, um olhar frio,
vítreo e discreto? Ainda assim, a gratidão estava entre as muitas coisas que eu
desejava mostrar a Oliver na próxima vez que nossos caminhos se cruzassem.
É possível demonstrar gratidão e não ser considerado intrometido e