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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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Ele foi ver a tradutora. Ou: Está na biblioteca com meu pai. Ou: Está na praia.

— Bom, então vou embora. Diga que eu passei aqui.

Acabou, eu pensava.

Mafalda balançava a cabeça com um olhar de repreensão compassivo.

— Ela é uma criança. Ele é professor universitário. Por que ela não encontra

alguém da idade dela? — Ninguém pediu sua opinião — rebateu Chiara, que

entreouviu o que Mafalda havia dito e não aceitava ser criticada por uma

cozinheira.

— Não fale assim comigo ou parto a sua cara — disse nossa cozinheira

napolitana com a palma da mão erguida. — Não tem nem dezessete anos e

sai por aí atrás de peitorais à mostra? Acha que eu não percebo? Eu

imaginava Mafalda inspecionando os lençóis de Oliver toda manhã. Ou

trocando informações com a empregada de Chiara.

Nenhum segredo escapava à sua rede de empregadas perpetue beminformadas.

Eu olhava para Chiara e via que estava sofrendo.

Todos suspeitavam que havia algo entre eles. Às vezes, à tarde, ele avisava

que ia até o galpão ao lado da garagem pegar uma das bicicletas para ir à

cidade. Uma hora e meia depois voltava. A tradutora, explicava.

— A tradutora. — A voz do meu pai ressoava enquanto desfrutava um

conhaque depois do jantar.

— Traduttrice, sei — entoava Mafalda.

Às vezes nos encontrávamos na cidade.

Do caffè onde costumava encontrar alguns amigos à noite, depois do cinema

ou antes de ir à boate, vi Chiara e Oliver saindo de um beco juntos,

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