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Me Chame Pelo Seu Nome - André Aciman

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convidada a sentar no lugar que eu tinha ocupado no almoço. O prato do

Oliver foi retirado imediatamente.

A retirada foi sumária, sem nem sinal de arrependimento ou remorso, como

quando removemos uma lâmpada queimada ou limpamos as entranhas de um

carneiro que costumava ser um animal de estimação, ou tiramos os lençóis e

cobertores da cama em que alguém morreu. Aqui, pegue, tire isso de vista.

Fiquei olhando seus talheres, seu sousplat, seu guardanapo, sua própria

existência desaparecer. Era um presságio exato do que aconteceria dali a

menos de um mês. Não olhei para Mafalda. Ela odiava essas mudanças de

última hora na organização da mesa do jantar. Balançava a cabeça em

repreensão a Oliver, a minha mãe, a nosso mundo. A mim também, imagino.

Sem olhar para ela, eu sabia que seu olhar percorria meu rosto até me encarar

diretamente, procurando estabelecer contato visual. Foi por isso que evitei

tirar os olhos do meu semifreddo, que eu amava, e que ela sabia que eu

amava e tinha deixado ali para mim porque, apesar do olhar de censura que

com afinco buscava o meu, ela sabia que eu sabia que ela sentia pena de mim.

Mais tarde naquela noite, enquanto tocava algo ao piano, meu coração

acelerou quando pensei ter ouvido uma scooter parar diante do nosso portão.

Alguém tinha lhe dado uma carona. Mas eu podia estar enganado. Tentei

ouvir seus passos, o som do cascalho sob seus pés até o bater seco das

alpargatas quando ele subisse a escada que levava à varanda. Mas nenhum

desses sons entrou na casa.

Muito, muito depois, na cama, ouvi uma música que vinha de um carro

parado na estrada principal, além da alameda de pinheiros. Porta se abre.

Porta bate. Carro sai. Música começa a sumir. Só o som da rebentação e do

cascalho suavemente rearranjado pelos passos preguiçosos de alguém que

está perdido em pensamentos ou levemente bêbado.

E se a caminho do quarto ele parasse no meu, como se dissesse: Pensei em

dar uma olhada aqui antes de deitar e ver como você está.

Tudo bem? Nenhuma resposta.

Puto? Nenhuma resposta.

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