04.07.2013 Views

Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PODE CALCULAR -SE O CONSENTIMENTO? THE CALCULUS OF CONSENT AOS CINQUENTA ANOS<br />

233<br />

A teoria da organização que daqui decorre pouco mais faz, como os<br />

autores reconhecem, <strong>do</strong> que dizer que “o indivíduo deve escolher a organização<br />

que espera que seja mais efi ciente” (Idem, 60) mas, ainda assim, tem<br />

três implicações importantes: 1) a existência de externalidades <strong>do</strong> comportamento<br />

priva<strong>do</strong> não é, por si só, razão sufi ciente para uma actividade ser<br />

passada para o <strong>do</strong>mínio público; 2) a passagem para o <strong>do</strong>mínio público<br />

pode acrescentar efi ciência, mas introduzir externalidades: as decisões sem<br />

unanimidade impõem um custo ao indivíduo que não as aprova; 3) mais<br />

importante, as externalidades são justamente os custos relativos das decisões<br />

voluntárias e colectivas. É em função deste ‘mapa’ de avaliação das<br />

alternativas que pode ser entendida a explicação económica para a emergência<br />

de instituições políticas democráticas.<br />

Teoria económica das constituições<br />

O âmbito das escolhas fundamentais é mais amplo que o das escolhas num<br />

âmbito constitucional já defi ni<strong>do</strong>, como o que Hayek, por exemplo, analisa<br />

(Hayek, 1960), ainda que as conclusões pareçam semelhantes. Embora o<br />

ponto de partida seja “a participação <strong>do</strong>s indivíduos em situações de voto<br />

simples, deve ser complementar àquelas que começam com as estruturas<br />

institucionais existentes, como parti<strong>do</strong>s e assembleias, liderança executiva,<br />

etc.”, pois mesmo uma teoria constitucional deve examinar as diversas<br />

regras existentes, especialmente a regra da maioria, da<strong>do</strong> a sua “posição<br />

<strong>do</strong>minante na teoria moderna da democracia” (Buchanan/Tullock, 1967:<br />

8). No entanto, “a escolha entre as várias possíveis regras de decisão não é<br />

independente da escolha <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de organização” (Idem, 63). De mo<strong>do</strong><br />

geral, pode dizer -se que há duas funções de custos, com tendências inversas:<br />

por um la<strong>do</strong>, os custos de decisão aumentam à medida que a regra se<br />

torna mais inclusiva, por outro, os custos impostos ao interesse individual<br />

pelo grupo diminuem “à medida que o número de indivíduos que deve<br />

concordar aumenta”, pois não é de esperar que um certo indivíduo dê o<br />

seu acor<strong>do</strong> contra os seus interesses (Idem, 64). No limite, a regra da unanimidade<br />

dá um poder de veto a cada um, visto que cada votante possui o<br />

monopólio de um recurso essencial, o seu próprio consentimento (Idem,<br />

69). O que põe, no nível constitucional, um dilema entre a opção por regras<br />

menos inclusivas e, em alternativa, por regras menos custosas.<br />

Para Buchanan, a resolução <strong>do</strong> dilema implica distinguir duas categorias<br />

de acção pública potencial. Uma primeira categoria é a das decisões<br />

<strong>Diacritica</strong> <strong>25</strong>-2_<strong>Filosofia</strong>.<strong>indb</strong> 233 05-01-2012 09:38:32

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!