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Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

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270<br />

VÍTOR MOURA<br />

Em resumo, poderíamos descrever o tipo de realismo sustenta<strong>do</strong> pela<br />

teoria da semelhança da seguinte forma:<br />

Uma representação R é perceptualmente realista na sua representação<br />

da característica C para criaturas da espécie E apenas quan<strong>do</strong>:<br />

(i) R representa algo como possuin<strong>do</strong> C<br />

(ii) Os E’s têm uma capacidade perceptiva P capaz de reconhecer instâncias<br />

de C<br />

(iii) Os E’s reconhecem que R representa algo como possuin<strong>do</strong> C, usan<strong>do</strong> a<br />

capacidade P<br />

É este tipo de realismo que fundamenta também o tipo de generatividade<br />

visual que a teoria de semelhança encontra na representação cinematográfi<br />

ca.<br />

4.2. Generatividade visual<br />

Quan<strong>do</strong> reconhecemos objectos, fazemo -lo em função <strong>do</strong> reconhecimento<br />

de certas características espaciais: a imagem de um cavalo tem em comum<br />

com o cavalo uma certa característica espacial que activa a minha capacidade<br />

de reconhecimento -de -cavalos. É nesse senti<strong>do</strong> que ambos são<br />

semelhantes, é uma semelhança de aparência na medida em que partilham<br />

certas propriedades signifi cativas para o nosso reconhecimento de cavalos.<br />

Ao dizer que eles são semelhantes também estamos a reconhecer que<br />

são diferentes de muitas outras formas. Por vezes, podemos identifi car a<br />

característica que assemelha o cavalo à sua imagem. Mas isso nem sempre<br />

é necessário para afi rmar a semelhança entre os <strong>do</strong>is. Não devemos interpretar<br />

esta relação de semelhança como uma ilusão, i.e., tal não signifi ca<br />

que, ao vermos a imagem de um cavalo, podemos ser leva<strong>do</strong>s ao ponto<br />

de acreditar que estamos diante de um cavalo. Activar a nossa capacidade<br />

de reconhecimento de cavalos é diferente de acreditar que estamos mesmo<br />

diante de um cavalo. Acreditar que estou diante de um cavalo é algo que eu<br />

faço; a activação da nossa capacidade de reconhecer um cavalo é algo que<br />

me acontece. Contra a matriz cartesiana, a fi losofi a da mente contemporânea<br />

tem defendi<strong>do</strong> que a mente não é um to<strong>do</strong> unifi ca<strong>do</strong>. Há diferentes processos<br />

mentais e funções a ocorrer em sítios diferentes <strong>do</strong> cérebro pelo que<br />

é melhor pensar no cérebro como um “sistema complexo de subsistemas<br />

<strong>Diacritica</strong> <strong>25</strong>-2_<strong>Filosofia</strong>.<strong>indb</strong> 270 05-01-2012 09:38:34

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