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Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

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266<br />

VÍTOR MOURA<br />

representações de coisas e não as próprias coisas. E é justamente essa insistência<br />

na dimensão representacional da fotografi a ou da imagem em movimento<br />

que constitui a tese central da teoria da semelhança.<br />

4. Acção: a teoria da semelhança<br />

Até que ponto são opacas as imagens em movimento? Que estatuto terão<br />

tais imagens se descartarmos, simultaneamente, a hipótese de que nos<br />

relacionamos com elas como se de uma ilusão, mais ou menos parcial, se<br />

tratasse e a tese segun<strong>do</strong> a qual a imagem é apenas uma forma de acesso<br />

transparente aos objectos que a causaram? A resposta a estas questões constitui<br />

o núcleo central da teoria da semelhança na fi losofi a <strong>do</strong> cinema, defendida<br />

por Gregory Currie. Podemos apresentá -la através da exposição <strong>do</strong>s<br />

seus três alicerces fundamentais. Em primeiro lugar, a teoria da semelhança<br />

defende que, ao invés <strong>do</strong> que é advoga<strong>do</strong> pelo Ilusionismo, há propriedades<br />

da imagem em movimento, a começar pelo próprio movimento, que são<br />

reais para o especta<strong>do</strong>r; se são reais para o especta<strong>do</strong>r, estas propriedades<br />

“dependentes da reacção” são reais tout court; ou seja, a experiência que<br />

fazemos delas é em tu<strong>do</strong> semelhante à experiência que fazemos de outras<br />

qualidades secundárias <strong>do</strong>s objectos reais, como a cor. Em segun<strong>do</strong> lugar,<br />

Currie faz apelo a uma teoria da generatividade visual para defender que<br />

as capacidades que activamos no reconhecimento <strong>do</strong>s referentes das imagens<br />

em movimento são as mesmas que utilizamos no reconhecimento <strong>do</strong>s<br />

objectos reais. Finalmente, em terceiro lugar, Currie propõe uma teoria da<br />

simulação, largamente baseada na teoria da mente <strong>do</strong>s psicólogos, para<br />

explicar a relação que estabelecemos com os eventos, espaciais, temporais<br />

e fi ccionais, apresenta<strong>do</strong>s através das imagens em movimento. Analisemos<br />

cada uma destas propostas em particular.<br />

4.1. Propriedades dependentes da reacção<br />

O passo mais radical da contestação de Currie às teorias ilusionísticas consiste,<br />

precisamente, no mais difícil: a defesa de que, no cinema, o movimento<br />

é real e não aparente.<br />

É comum apontar como uma das características mais específi cas <strong>do</strong><br />

meio cinematográfi co o facto de nele existir uma disparidade entre as qualidades<br />

<strong>do</strong> material físico – a fi ta de celulóide que passa através <strong>do</strong> projector,<br />

por exemplo – e as qualidades que percebemos quan<strong>do</strong> vemos o fi lme. Há<br />

<strong>Diacritica</strong> <strong>25</strong>-2_<strong>Filosofia</strong>.<strong>indb</strong> 266 05-01-2012 09:38:34

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