04.07.2013 Views

Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

Diacritica 25-2_Filosofia.indb - cehum - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

240<br />

JOSÉ COLEN<br />

Um <strong>do</strong>s fenómenos por explicar é o voto <strong>do</strong>s cidadãos (Mueller, 2005).<br />

Olson tinha entretanto observa<strong>do</strong>, com satisfação, que apesar da profecia<br />

de Marx sobre as revoluções baseadas no interesse de classe, as classes não<br />

tinham consegui<strong>do</strong> mobilizar os seus membros, manten<strong>do</strong> -se como meros<br />

grupos latentes (Olson, 1971). Mas, claro, chega<strong>do</strong>s a este ponto, a questão<br />

é muito mais básica: porque há sequer movimentos revolucionários? Como<br />

Mueller nota, “para o analista da public choice o puzzle das revoluções é<br />

porque é que os indivíduos participam nela, e portanto porque é que elas<br />

sequer ocorrem” – excepto, claro, aqueles poucos que têm esperança de<br />

benesses, ou outros incentivos selectivos, no novo regime. Temos portanto<br />

o para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong> voto e o puzzle das revoluções. Barry com malícia junta -lhe<br />

o <strong>do</strong>s voluntários na guerra, mas podemos facilmente generalizar: to<strong>do</strong>s<br />

os casos em que se envolvem grandes conjuntos de pessoas na provisão<br />

de “bens públicos”, <strong>do</strong>s quais não é possível excluir os não participantes,<br />

levantam esta mesma difi culdade, incluin<strong>do</strong> os movimentos revolucionários<br />

(Mueller, 2005: 204 -206).<br />

IV. Críticas<br />

As abordagens <strong>do</strong> problema da participação política, que foram iniciadas<br />

com Th e Calculus of consent partilham alguns traços comuns. “[D]efi nem<br />

a teoria política pela relação às outras ciências sociais, em especial à economia”<br />

e apresentam -se como essencialmente científi cas e descritivas – por<br />

oposição a fi losófi cas ou normativas (Aron, 2006: 583 -602) – ainda que<br />

aceitem restrições éticas na defi nição <strong>do</strong> perímetro exterior <strong>do</strong> modelo. O<br />

aparelho conceptual e o méto<strong>do</strong> de análise são transpostos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da<br />

organização económica para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> homem na arena pública. Este<br />

atravessamento das fronteiras não se dá sem que se levantem algumas<br />

objecções acerca <strong>do</strong>s seus perigos. Como Buchanan e Tullock observam,<br />

qualquer agricultor sabe que<br />

[o] solo junto nas fronteiras é provavelmente mais fértil, mais produtivo,<br />

quan<strong>do</strong> devidamente cultiva<strong>do</strong>, <strong>do</strong> que aquele mais acessível no centro <strong>do</strong> terreno.<br />

Esta vantagem potencial tende a ser contrabalançada, no entanto, pela<br />

probabilidade de erro e acidente aumentada ao longo <strong>do</strong>s limites da orto<strong>do</strong>xia.<br />

(Buchanan/Tullock, 1967: V)<br />

Na visão de um humanista como Raymond Aron, por exemplo, embora<br />

se possam defi nir livremente quaisquer modelos, desde que sejam a pos-<br />

<strong>Diacritica</strong> <strong>25</strong>-2_<strong>Filosofia</strong>.<strong>indb</strong> 240 05-01-2012 09:38:32

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!