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A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

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contrário, explicar as lágrimas que choro por ti, o estado de alma indefinidoem que fico nas horas tristes do dia, quando parece que a minha emoção seespalha pelas coisas e uma ânsia erra? Pertences ao sonho e és a única mulherque amei. Amei-te e adorei-te. Sonhar é bom — mas não é tudo... E depoisescuta: ainda esta noite, quando eu bebia o luar, senti que te tinhas sentado aopé de mim... Ouvia a tua respiração lenta, e não me voltei para que nãofugisses, mas, sem que reparasses, devagarinho, pude ainda ver os fusos dosteus dedos. Outras vezes acordo alta noite, certo de que me chamaste, e játenho também sentido, quando choro muito, que me poisas a mão nocoração, pois que a dor súbita se estanca... Como, de contrário, explicar aprópria vida, amarguras, lágrimas, tédio e rotina, a vida que só tem de belo osonho?...Ainda esta tarde, na hora de crepúsculo sobre todas amada que escolhopara pensar em ti, eu tive uma visão... É singular! Muitas vezes tenho visto osmeus mortos queridos, e a minha mãe quantas noites não tem aparecido ao péde mim, desfeita em choro!... É singular como os sábios negam aquilo que nãosentem ou não viram!...Espera!... Espera!... Vou sonhar e vou criar à minha vontade a atmosferapara viveres comigo.Foi noutro tempo, num tempo em que me parece que era sempre Maio, elonge de todos os corações gelados e dos sorrisos postiços. Havia árvores,

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