25.08.2015 Views

A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

E foi.O Gregório morria. Tinha ainda uma hora de vida quando Pita fez um sinalcom o dedo curto e a porta do quarto se abriu. Os palhaços, escarlates uns,cor de poente, leves como nuvens, entraram, e, cobras que se enlaçam nummolho, torceram-se, deslocaram- se, tiveram génio, risos, gargalhadas,subitamente desfeitas pelo terror. Outro gesto do Pita e, quais pedaços denuvens do poente varridas pelo vento ou pela noite, a troupe colorida dosclowns se desfez, a Dona Felicidade, com a boca cheia de pragas, pôs-se auivar à porta:— Paguem a conta! Paguem a conta! Ou morrem de fome!...— Primeiro acto, senhor Gregório! — E deu um assobio, o Pita.Então o Gregório, que nunca vira árvores nem paisagem, pediu-lhe comhumildade uma leve explicação:— As árvores? Como são as árvores?...— Como cabelos de mulher ao vento, como pragas a silvar raivosas entre apenedia. Há-as todas verdes, há-as roxas, há-as em brasa, conforme a suafloração.E como os seus olhos se abrissem ávidos e perguntasse:— E a paisagem?...

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!