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A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

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converteram-se em ossários de pedra. Ao longe via-se passar um bando defantasmas: era a população que emigrava, mostrando os punhos ao palácio,onde o rei teimava em não deixar partir a filha. Secaram por fim as fontes, e ovelho castelo foi abandonado pelos escravos que fugiram e as ameiasdesguarnecidas pelos soldados desertores. O velho rei teve de fechar as portaspelas suas próprias mãos. Até que um dia, o solitário, vestido com um saco,foi bater com um grande calhau nas portas chapeadas e clamou:— Cumpra-se a vontade de Deus!— Só temos esta filha, esta única filha!Mas ele estropiou com o calhau no velho castanho denegrido, e o ecorepercutiu- se nas abóbadas solitárias e nas almas imersas em negro desespero.— A vontade de Deus! A vontade de Deus!O castelo no alto da montanha era um altivo ninho de águias. Abriram-seas portas, e santa Eponina desceu o monte. De toda a parte tinham vindo osbispos de grandes barbas de luar, os cavaleiros andantes refulgindo ao solcomo espadas, e o povo de alma rude e piedosa que em baixo se amontoarachorando em silêncio. O seu pai e a sua mãe choravam. Abençoaram-na osvelhos bispos, estendendo as mãos sobre o vale; partiu um soluço da multidãoque caiu de joelhos, quando ela desceu o monte, sem que ninguém a detivesse,deixando-os para sempre — santa Eponina virgem, filha de reis, comflorestas, riquezas e guerreiros fortes.

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