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A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

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CAPÍTULO IIHALWAINUm grito, um grito na noite, um grito fundo que me interessa como sefosse eu próprio que gritasse...Esta noite encontrei-o enforcado numa oliveira, num arredor da cidade. Oluar escorria sobre a ravina, e naquele sítio desolado, triste e inquietante, eleera cómico, pendurado na árvore, mais esguio, a calva a luzir-lhe como umahóstia, mole, repugnante e coçado. Diário? Nem este velho bêbado teve nuncadiário! Foi decerto para se dar ares de incompreendido que deixou estas folhasao pé da árvore. Como se a sua miséria fosse diferente das outras misérias!Escorraçado e azedo, perseguiam-no como um lobo, até que o fizeram andarcom fome e morrer como merecia...Eu nunca conheci um homem mais pitoresco do que este canalha! Nuncatambém, como diante deste trapo de enforcado, compreendi melhor a minhaalma... Estou seco, sem emoções, e cheio de raiva. Eu ainda venho aendoidecer. Não tenham pena de mim. Esta maneira que tenho de escrever agolpes, inquieta-me até. E há quem escreva tão bem!... Muita gente andailudida sobre a minha alma. Eu rio-me... Mas vamos lá a contar a história dovelho clown Halwain.

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