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A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

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SANTA EPONINASanta Eponina era tão pálida e tão linda, que, ao vê-la, as multidões ficavamextáticas, as árvores estremeciam e os bandidos das montanhas, conquistados,vinham rojar-se-lhe aos pés. Era uma flor — a flor humana. Mais que belezahavia nela encanto e alguma coisa que não pertencia à terra — expressão deinocência e ao mesmo tempo de espanto diante do mundo, como se a figuradoirada e branca pressentisse a desgraça e a dor.Fora criada entre mulheres vestidas de brocado, num berço de ouro, sobreo qual o rei e a rainha se curvavam, absortos naquela pureza que lhes sorriaentre rendas. Cresceu e vinham cavaleiros de países afastados para se baterempor ela, e trovadores, guiados pela sua fama, esperavam à noite sob o balcãodo castelo real que ela aparecesse para a cantarem. Não caminhava: chamaclara que desliza, ninguém a recordava senão como uma brancura e um olharde piedade que passasse.Já em pequenina seu ascendente era enorme sobre os homens e os bichos.Às vezes fugia do castelo, perdia-se na velha floresta entre troncos que nãotinham idade e ia comer pão de rala na cabana dos lenhadores ou caminhavadireita a um buraco sinistro donde ninguém se aproximava sem terror. Era acova de um santo, de um santo tremendo que só pregava cóleras.

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