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A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

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onde é sincero. Nem ele mesmo decerto o sabia. Cada um que tome destelivro o que quiser... O que é verdade, porém, é que, como Beyle dizia de Julien— todos os dias era tempestade na sua alma.Certo é que às vezes irrita-me, e outras comove-me. Há horas em queconsegue ainda levar-me a rasto como outrora e em que frases suas ficam avibrar no fundo da minha alma. A minha vontade então era pregar bem alto aalguns imaginativos que tomem a vida a sério, se não quiserem serdespedaçados como ele: — Não sonhem, vivam! Reparem que a existênciaatrás da quimera, sem querer ver as pedras do caminho, fê-lo morrer, depoisde uma vida de casas de hóspedes, de vadiagem e de dor. A vida é dura, a vidanão se fez para sonhar; para triunfar é necessário bater para os lados sem verquem vem, agarrar-se a gente com sofreguidão, morder... Ai dos vencidos!Pobres dos que hesitam um instante! Auxiliar alguém é perder tempo: práfrente! prá frente!... Fora o sonho! Para que é que em pequenos nos mentem enos dizem que há amigos e afeições?... Entra a gente na vida com ilusões, quesó se perdem com pedaços de alma, quando muito melhor seria dizer-nos quehá unicamente o dinheiro. Dinheiro! — esta palavra faz vibrar os mais moles:gadanhos convulsos estendem-se ávidos, os olhares ferem como lâminas...Para que andamos a mentir uns aos outros, quando nos sentimos todos, aostrinta anos, capazes de sacrificar um irmão ao interesse?...Veem um imaginativo que entra na vida? E um jovem inteligente, tendosobre a existência ideias lidas. A sua sensibilidade exaspera-se ao primeiro

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