inéditos de alma, se dissesse toda a amargura reles, mas que faz sofrer e quedespedaça muito mais do que as grandes desgraças, que na sua grandeza têmquase uma compensação, e que não deixam para toda a vida os vestígiossaburrentos destas misérias irritantes. Esse esguicho de lama daria talvez asensação de riso e de arrepio de um clown enforcado num ramo de azinheira,em sítio ermo e bravio...Com que extraordinária sinceridade me ponho, numa fúria, a descobrir, nosoutros, vícios e defeitos que eu mesmo tenho e a odiá-los por isso!... Tenho acerteza de que é invejoso! — digo-me. Mas porque é que me encarniço aprocurar nos que amo más qualidades? Sou sincero quando, sem raciocinar,imediatamente, ao encontrar nos outros um defeito ou um vício, os rebaixoaos meus próprios olhos, para me demonstrar que são indignos de ser meusamigos?... Não, não é por isto: eu é que sou invejoso e, por inveja, é que oshumilho com fúria na minha própria alma...Egoísmo absoluto, secura de alma que me desespera. Nem uma ideia a queme agarre, nem ao menos sentir, ter uma dor de alma tão forte que me façaesquecer... Esquecer! Felicidade de ser árvore!...Como é pequena a Dor que eu, imaginativo, engrandecera! Ó quimera davida! Pois a vida é isto? Estes apertos de mão, esta mentira, este monólogoentrecortado de risos, de lágrimas e de infâmias? Este sonho e esta lama? Estainveja e esta vaidade? Isto é que é a vida? Ou eu sou diferente?...
Os pessimistas! Mas eu adoro-os, tanto quanto os otimistas me irritamcomo criaturas que não têm alma. Que é ser pessimista? É crer na vida comoser diabólico, blasfemar é ainda acreditar em Deus. Pois não são só os quesofrem, aqueles a quem magoaram nas suas ilusões, e que, como uma grandesensibilidade, a vida brutaliza, que se põem a dizer mal dela?Dá-se comigo uma coisa curiosa: é que muitas vezes me acontece estar adizer palavras falsas e a representar, sabendo-o. Digo-me: Estás a representar!— e apesar disso continuo, com o mesmo sorriso fingido e as mesmaspalavras feitas para a galeria.Diálogo:— Porque não fazes isso?...— Já o fiz, porque já o sonhei: já tive a imaginação do triunfo, de tervencido, de ver os sorrisos amarelos dos meus inimigos. O resto agora é oestupor da realidade: é transformar uma coisa alada, de sonho, numa obra friae de pedra, torturante sempre e tão seca, tão dura!Tenho vontade de chorar, de me desfazer em tristeza, de me pôr a dizerbaixinho o que sofro, as iniquidades que me nascem na alma: há certas horasem que a gente tem necessidade de dizer tudo, de contar a sua vida: creio quea confissão cristã é obra de um grande psicólogo...
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Aos que se alimentam de sonho chega
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esgoto de lama amassada em lágrima
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feitio de encolhido, gestos desajei
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Mas ponho-me a pensar: Que importa
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contacto com o mundo. Cheio de entu
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Ninguém bulia. Que quimera doloros
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Vocês todos têm pensado na vida d
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— Desaforado... Cite factos, ench
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grande, como um pintor que na febre
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E ele, descendo as escadas, com jú
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E assim as casas, as paredes e as c
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SANTA EPONINASanta Eponina era tão
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Como soube que nas concavidades dos
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Oh como a noite é grande, imóvel,
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matilhas esperá-la à beira dos ca