25.08.2015 Views

A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

amante, mas lentamente lhes sugiro que há carícias extraordinárias que elasignoram, braços que sabem enlear como cobras e fazem esquecer a amargurada vida, os dias sem dinheiro, a desonra e os credores até!... Às que amam,digo-lhes que ainda não é bastante, que a única coisa boa da vida é o amor eque elas não têm nos olhos nem na boca o sorriso extasiado de quem éverdadeiramente adorada. Às mulheres que têm o risco da primeira ruga naface e a ranhura do desgosto de começar a envelhecer na alma, conto-lhes queo amor é imortal e que o ouro tudo pode. O amante que sabe fingir e que sepaga, a quem se atira com desprezo dinheiro, tem beijos de um raro sabor enos seus braços passam-se horas esquecidas, que a ilusão tece de ouro e depúrpura... E a todas ensino que, do amor, é necessário saber-se espremer ometal dos velhos, as notas de banco dos ricos que amam as rapariguinhasperversas... Eis o meu segredo, vê tu! Banal como uma verdade sólida e antiga.— Pita, senhor Pita, tenho uma coisa a pedir-lhe...O seu olhar era incerto. Os dedos contraíam-se-lhe e a palavra saía-lhesacudida. Enfim, como quem toma uma grave resolução, disse:— Vai um cálice de genebra? Tome alguma coisa, senhor Pita. Peço-lhe quetome alguma coisa... Trata-se da minha vida...Então o Pita lhe disse com certeza absoluta:— Você ama.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!