árvores com grandes cabelos verdes soltos, um caminho que eu tantas vezesandei, de coração inquieto...Vivíamos juntos e amávamo-nos, nesse sítio arredado e melancólico, comgrandes árvores, uma antiga casa fidalga, e a vida livre, primaveras a noivarem,paz, invernos bravios sonhando ao pé do lume, e livros de poetas. Tempolindo, saímos ambos: às vezes em Maio, no ar fino e doirado, as árvoresdeitam a primeira flor como um cândido sorriso ou um coração que pelaprimeira vez estremece. Levava um livro comigo e Hélia escutava. As minhaspalavras animavam a paisagem: davam alma às coisas, às árvores, às águas daslagoas. Toda a minha alma se desprendia ao pé dela e a emoção espalhava-sepelas coisas. Aquecia. Ao ver grandes árvores, chorava: as árvores davam- mea impressão de me achar entre amigos a quem tudo se confia: sentia-me bom.Contava-lhes o que as pedras sofrem, o que as coisas sofrem. Líamos ouolhávamos as montanhas. Descobriam-se carreirinhos entre os pinheirosbravos: lenhadores rachavam árvores; um bom homem montado no seu burropartia; uma nuvem lilás errava quase a desfazer-se no céu. Para onde? Paraonde? Onde iam dar todos os misteriosos carreiros da floresta? Comoquereríamos ser a nuvem, partir, seguir todos os caminhos por entre ospinheiros, ser lenhadores, o saloio que lá vai no trote alegre do burro e quealguém num lar espera, as próprias árvores, a luz, a água que corre, a chuva, osol; desfazermo-nos nas coisas, ser, com a mesma alma, a alma das montanhase das ervas humildes...
A casa tinha uma varanda de pedra e era lá que te encontrava sempre, como teu sorriso triste e o olhar doce e resignado. É certo, amei-te, comoporventura tenho amado todas as criaturas que encontro na vida, tristes,humildes e cansadas... O amor em mim é tecido de piedade. Nunca asmulheres triunfais me fizeram bater o coração como as pobres criaturasmelancólicas, feias, arredadas, cujos sorrisos têm mágoas e cujos olhares sãovelados pelas lágrimas... Tenho vontade de as consolar e de as beijar. Será porhumildade? Será por egoísmo, porque me sinto, eu próprio, assim encolhido edoente, incapaz de beijar com sofreguidão lábios rubros de vida e de saúde,lábios jovens? Ou porque o amor que sabe a lágrimas me tenta?...Espera... Não és apenas uma mera criação de sonho... Quando escrevo,sozinho, fechado, acontece amiúde estar com medo de voltar a cabeça paratrás: tenho a certeza absoluta de que está alguém comigo, a olhar para mim...Hoje beijaste-me.Nesta hora aflitiva do crepúsculo, quantas criaturas, transidas pela vida, sepõem a tecer quimeras, sonhos fugidios, nuvens!... Da terra começa a sair ohálito violeta da sua evaporação: nas almas se criam ténues figuras de sonho,de ilusões queridas. Tenho vontade de chorar e ainda hoje me não aconteceudesgraça... Alguns criam espectros negros e desesperados, a outros vem Hélia,de mãos febris estendidas, beijá-los na boca. Dir-me-ás com o teu sorriso demágoa: — Sonho, é sonho tudo!... — Como se eu não tivesse a certeza de te
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Aos que se alimentam de sonho chega
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esgoto de lama amassada em lágrima
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Mas ponho-me a pensar: Que importa
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contacto com o mundo. Cheio de entu
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Ninguém bulia. Que quimera doloros
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Vocês todos têm pensado na vida d
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— Desaforado... Cite factos, ench
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grande, como um pintor que na febre
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E ele, descendo as escadas, com jú
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E assim as casas, as paredes e as c
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mesquinho, impotente, tenho a certe
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CAPÍTULO IIICAMÉLIARompeu a sinfo
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Calábria, e porventura amado por u
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E tudo na treva é fantástico. Uma
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