25.08.2015 Views

A MORTE DO PALHAÇO

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que bandos de borboletas cansadas poisaram sobre os galhos dos pomaresanainhos...Tudo isto vive em ferocidade, desde as árvores até às couves luzidias everdes daquela pequena horta...A terra fermenta e dessa podridão saem árvores, bichos, ilusões... Ponhomea pensar: o que é a vida diante desta cova eterna — o infinito? Que éviver? Sinónimo de sofrer? E a morte de que tinha pavor, a morte que odesvairava?......Sempre a mesma coisa, as mesmas palavras remoídas, as mesmas caras —que me irritam — as mesmas ideias, que me surpreendo a repetir... Mas paraque vivo eu? E o que é a vida?... Sou igual a esta árvore e o mesmo soproprocriador que a enche de floração é que me tolhe de sonhos?...Se me surpreendo a pensar, de noite, e olho para a cova do infinito, tenhomedo que me fuja a razão. Indago, olho para trás, para toda a minhaexistência, a ver se decifro o enigma que me tortura... Pois a vida é isto? Estaslágrimas e esta dor, estes apertos de mão fria, este tédio e esta lama, estedesespero de querer sonhar?... E o que represento eu diante do infinito, o queé a humanidade diante do que não acaba — buraco escuro onde a poalha dosmundos nasce, envolvida no mesmo mistério que neste Abril salpica defloração as macieiras?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!