ir encontrar no infinito, pois que nada se perde senão a vã realidade! Tenhomuitas vezes, até irem altas as estrelas, cismado em ti, amor; criei-te delágrimas, de aspiração, de tudo o que em mim próprio é imortal; e agora és tumesma que, aqui ao meu lado, me contas a alma desta história.Sonhar! Mas eu já não posso sonhar só isto. Preciso de sonhar mais — deum sonho sem limites que me satisfaça.Dias há em que me deito na cama e não tenho mais vontade de melevantar. Olho em roda. Toda a vida me parece aborrecida e vazia. A minhafalta de energia exaspera- me. Estou gasto e com rugas aos trinta anos. Estoucansado e esgotado, sem imaginação e sem nervos. Aflige-me não ter sidojovem, não ter vivido como os mais, e insulto a minha quimera que meparecia de ouro, por quem me esgotei, para afinal a encontrar gelada efugidia... Errei o caminho: não era por aqui.Voltar à realidade? Mas eu cheguei ao ponto em que desconheço arealidade. A realidade tem para mim formas monstruosas. Ainda falo como osoutros — ainda falo mas como num sonho. Titubeio. Caminho à pressa pelasruas, para me meter dentro do meu cubículo. E não me larga a impressãodaquele beijo que me deste e que me devorou até ao fundo da alma, deixandomena boca uma frescura deliciosa que nunca mais passa.Petrificado. Uma luz pastosa, uma toalha de luar, atmosfera feita de sonsmagoados, estendida sobre a planície seca, lisa até ao infinito. De súbito,
como um riso que se estanca apavorado, o som cessou, ficando no ar umainquietação vaga, um terror de vida suspensa. A luz espalha-se para o fundo,como uma nódoa que se alastra e come a treva; subia pelas coisas, descia,esbranquiçada, mole e a flutuar, esparralhada... Num soluço de claridade sentique alguém vinha: não podia olhar, voltar-me, encerrado na prisão da minhacapa de pedra. Fazia esforços para mexer um dedo, um dedo apenas. Diziame:— Estou a sonhar! Estou a sonhar, sossega! — e parecia-me, que, enfim,como quem ergue uma torre, conseguira abrir uma fresta de pálpebra, poisque, mar represo que encontra saída, um esguicho daquela mesma luzesbranquiçada se me precipitara com ruído no crânio... E outra vez mebeijaste. Tenho-o na boca, o teu beijo delicioso e gelado.Era em Abril e toda a floresta parecia sonhar. As velhas árvores, os velhostroncos tinham gritos: estremeciam. O luar tecia, prendia os seus cabelos deprata nos galhos negros. Por vezes uma árvore parecia aureolada: outras dirse-iaque, atrás dos troncos, em emboscadas, me esperavam de espadasdesembainhadas, para me matarem. Havia vagas claridades suspensas nosramos, caídas como mantos — e todas as montanhas, extáticas sob o luar,falavam baixinho. Noite de luar, noite de primavera! Oh, os montes na calada,na voluptuosa noite, pareciam seios a palpitar!... O brasido do sol feriratroncos, que escorriam o seu último sangue, já exaustos, já moribundos. E osussurro crescia, o sussurro aumentava. A montanha era um enorme coraçãoque começasse a bater sob o luar misterioso, que eu ouvia cair como água de
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PREÂMBULOA cada passo se formam po
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Aos que se alimentam de sonho chega
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esgoto de lama amassada em lágrima
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feitio de encolhido, gestos desajei
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Mas ponho-me a pensar: Que importa
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contacto com o mundo. Cheio de entu
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Ninguém bulia. Que quimera doloros
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Vocês todos têm pensado na vida d
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— Desaforado... Cite factos, ench
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grande, como um pintor que na febre
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E ele, descendo as escadas, com jú
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Tomado de respeito por tanto saber,
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E assim as casas, as paredes e as c
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CAPÍTULO IIHALWAINUm grito, um gri
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mesquinho, impotente, tenho a certe
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CAPÍTULO IIICAMÉLIARompeu a sinfo
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de cetim escarlate ou verde, calvos
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Calábria, e porventura amado por u
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falavam com os outros artistas, e e
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E tudo na treva é fantástico. Uma
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