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capa unijus 5.p65 - Uniube

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sumário<br />

1. Preconceito racial, ou preconceito<br />

lingüístico?<br />

2. Uma questão lingüística<br />

2.1 Na língua o que existe são valores<br />

2.2 Todo sentido é ideológico<br />

resumo<br />

AS PALAVRAS E A JUSTIÇA:<br />

CONSIDERAÇÕES SOBRE A POLICEMIA<br />

A PARTIR DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL<br />

Ormezinda Maria Ribeiro*<br />

2.3 As múltiplas faces da linguagem<br />

3. Para concluir: uma questão de polícia,<br />

ou de linguagem?<br />

4. Referências Bibliográficas<br />

Esse artigo faz algumas considerações sobre a polissemia das palavras, a partir de uma notícia de<br />

jornal, procurando mostrar que a questão lingüística, nesse exemplo considerado, imbricada à<br />

questão dos direitos constitucionais, é muito mais uma questão de embate discursivo do que<br />

propriamente uma questão jurídica. Para tal, recorre à ciência Lingüística tomando-lhe as definições<br />

de signo.<br />

A palavra não é luminosa estrela<br />

Sequer desarticulada ilha de afinidades<br />

Estopim aceso, sim, águas de inquietação,<br />

A palavra não é jogo de dados.<br />

Jogo de dúvidas, sim, de dádivas.<br />

Dados envenenados de selvagem silêncio.<br />

Por um fio a palavra é prata.<br />

Por um fio a palavra é pata de cavalo<br />

por um fio, ato de injustiça.<br />

(Lindolf Bell)<br />

1<br />

PRECONCEITO RACIAL,<br />

OU PRECONCEITO LINGÜÍSTICO?<br />

Uma notícia veiculada há algum em um jornal<br />

despertou-nos a atenção: um vereador prestou<br />

queixas à polícia alegando preconceito contra<br />

a raça negra, motivado por um ‘’out door’’<br />

que trazia o seguinte texto:<br />

‘’Se você não deseja um futuro negro<br />

para seu negócio (...)”<br />

O que nos chamou a atenção não foi o zelo<br />

do vereador em defender uma nobre causa, mas<br />

o fato de, daí, podermos constatar que há muito<br />

o que se aprender sobre a tão complexa linguagem<br />

dos homens. A língua portuguesa, ou qualquer<br />

outra língua não é tão somente um amontoado<br />

de palavras, cujos significados jazem em um<br />

dicionário que podem ser ‘’vetados ‘’ ou ‘’autorizados’’<br />

por uma lei. A linguagem está impregnada<br />

de fatores ideológicos que não se resolvem<br />

com um simples boletim de ocorrência. Tira-se<br />

a palavra, mas não o preconceito.<br />

Para organizar melhor essas considerações<br />

começarei indagando: o que diz o enunciado<br />

conotativo sobre a realidade? E na esteira de<br />

Paul Ricoeur 1 em seu texto de introdução ao<br />

estudo VII faço as mesmas considerações a fim<br />

de atravessar o limiar do sentido para a referência<br />

do discurso. A questão da referência pode<br />

ser posta nos nível da semântica, quando<br />

concerne às entidades do discurso da ordem da<br />

frase. E no nível da hermenêutica, quando se<br />

dirige a entidades de maior dimensão que a frase.<br />

É nesse nível que o problema toma toda sua<br />

extensão 2 .<br />

____________________<br />

* Ormezinda Maria Ribeiro, Mestre em Lingüística pela UFU, doutoranda em Lingüística pela UNESP; professora da Universidade de Uberaba.<br />

1 RICOEUR, Paul. A metáfora viva. São Paulo: Loyola, 2000. p. 331.<br />

2 Ibdem, p. 332<br />

41

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