19.04.2013 Views

capa unijus 5.p65 - Uniube

capa unijus 5.p65 - Uniube

capa unijus 5.p65 - Uniube

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

OS LIMITES DA REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL<br />

De outro lado, a autora classifica como<br />

salvaguardas funcionais da independência 32 as<br />

limitações de empréstimo ao setor público, a<br />

condução da política monetária, 33 a autonomia<br />

financeira e decisória e os poderes regulatórios.<br />

No que concerne a estas duas últimas salvaguardas,<br />

a autora equilibra a independência e<br />

os objetivos governamentais, confirmando sua<br />

posição de “independência transparente”, como<br />

se pode notar:<br />

“A legitimidade dos documentos legais e<br />

regulamentos emitidos pelo Banco Central, em<br />

oposição àqueles emitidos pelo governo, é especialmente<br />

contenciosa em países com leis codificadas.<br />

Ainda assim, se propomos ter um<br />

Banco Central Independente com poderes e responsabilidades,<br />

parece lógico dar-lhe papel<br />

normativo. Em particular, o Banco Central deveria<br />

ser permitido a emitir regulamentos como<br />

parte de suas funções relacionadas a fiscalização<br />

e política econômica. 34<br />

(...)<br />

“Em tese, o Banco Central independente<br />

deveria ser <strong>capa</strong>z de perseguir objetivos potencialmente<br />

conflitantes com aqueles do governo.<br />

Isto é particularmente verdadeiro se o banco é a<br />

única autoridade responsável pela política monetária.<br />

No entanto, de modo a evitar a emergência<br />

debilitante de um ‘es-tado dentro do estado’,<br />

as leis deveriam definir claramente as circunstâncias<br />

e condições de conflito e desacordo permitidas.”<br />

35<br />

Acerca da independência profissional<br />

nada destaca a autora, apontando-a unicamente<br />

como independência “de fato”, a qual se determina<br />

pelas personalidades do presidente do<br />

Banco Central e do Ministro da Fazenda (em<br />

alguns países representado por autoridade diversa),<br />

pelas circunstâncias econômicas e políticas,<br />

pela história e prioridades nacionais, pela<br />

profundidade e qualidade da análise monetária,<br />

pela taxa de rotatividade dos diretores dos bancos<br />

centrais e “outros fatores”, os quais não<br />

menciona. 36<br />

99<br />

UNIJUS<br />

3.1.1. Argumentos a favor da independência<br />

Lastra 37 entende ser o controle inflacionário<br />

a maior vantagem de um banco central independente.<br />

Tal fato justifica-se pelos riscos de<br />

governos e legislativos serem tentados a expansões<br />

monetárias com o intuito de prover suas<br />

necessidades financeiras. 38<br />

Devido a estas expansões de moeda o desenvolvimento<br />

poderia ver-se comprometido,<br />

como enfatiza a autora:<br />

“A inflação é considerada uma doença grave<br />

para o bem-estar econômico de um país; ela<br />

aumenta a incerteza, desencoraja investimentos<br />

e cria conflitos nas relações industriais. Ela também<br />

possui perniciosos efeitos sociais, incluindo:<br />

a redistribuição da renda e riqueza, a erosão<br />

e desincentivo à poupança”. 39<br />

Há discordância, todavia, quanto à procedência<br />

da inflação, pois, de qualquer maneira, a<br />

estabilidade de preços depende da estrutura<br />

institucional, da disciplina do mercado de trabalho<br />

e da estabilidade política, 40 além das próprias<br />

medidas tomadas pelos bancos centrais.<br />

Por este motivo, o argumento de que existe a<br />

separação entre Executivo e Legislativo, no que<br />

concerne ao controle do orçamento do governo<br />

por este último, não descarta a hipótese do risco<br />

inflacionário. Exemplo típico desta separação<br />

formal é relembrado pela autora:<br />

“Apesar de legislativos terem exercido controle<br />

efetivo sobre orçamentos do governo, hoje<br />

o controle legislativo e a aprovação do orçamento<br />

podem ser mais uma ‘formalidade’ que uma<br />

real análise, pelo menos em alguns países europeus<br />

(certamente de forma diversa que nos Estados<br />

Unidos). Com relação a isso, a independência<br />

do Banco Central operaria como uma<br />

análise do governo, particularmente sobre suas<br />

políticas fiscais, e a proibição do financiamento<br />

de déficits públicos.” 41<br />

Embora a independência dos bancos centrais<br />

esteja eivada destas limitações estruturais,<br />

argumentos políticos existem a favor daquela.<br />

____________________<br />

32 Ibid., p. 40-48.<br />

33 Nos Estados Unidos da América, o Banco Central determina e implementa a política monetária para atingir objetivos de preços estáveis,<br />

crescimento e emprego (Ibid., p. 43).<br />

34 Ibid., p. 45.<br />

35 Ibid., p. 47.<br />

36 Ibid., p. 23-24.<br />

37 Ibid., p. 24-27.<br />

38 Ibid., p. 24.<br />

39 Ibid., p. 25.<br />

40 Ibid., p. 27.<br />

41 Ibid., p. 24.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!