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capa unijus 5.p65 - Uniube

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O signo pode ser definido a princípio como<br />

sendo aquilo que está no lugar de outra coisa, ou<br />

seja, uma coisa que representa outra 6 .<br />

Saussure 7 , chamou de signo a combinação<br />

do conceito e da imagem acústica, entendendo<br />

conceito como significado e imagem acústica<br />

como significante. E estabelece que o elo que<br />

une o significante ao significado é arbitrário, assim<br />

como a relação do signo com a “coisa”<br />

extra-lingüística, também o é. Por arbitrário, o<br />

autor entende que o signo é imotivado, ou seja<br />

arbitrário em relação ao referente com o qual<br />

não tem nenhuma ligação natural na realidade.<br />

Para ele, essa entidade lingüística só existe pela<br />

associação do significante ao significado. E uma<br />

seqüência de sons só é lingüística quando é<br />

suporte de uma idéia.<br />

O conteúdo psíquico (pensamento) só recebe<br />

forma quando é enunciado, como afirma<br />

Benveniste 8 e somente assim. Para tornar-se<br />

transmissível esse conteúdo deve ser distribuído<br />

entre morfemas de certas classes que por sua<br />

vez se organizam em certa ordem, ou seja, deve<br />

passar pela língua para conformar-se. De outra<br />

maneira não teríamos como apreendê-lo como<br />

conteúdo, pois se reduz a nada, ou a algo tão<br />

vago, cuja sutileza tornaria-se absolutamente<br />

indelével. Portanto, a forma lingüística não só é<br />

a condição de transmissibilidade do pensamento,<br />

mas a condição de sua realização.<br />

Benveniste 9 admitindo que o pensamento<br />

não pode ser captado a não ser formado e atualizado<br />

na língua, questiona o fato de não haver<br />

meios de reconhecer no pensamento caracteres<br />

que lhe sejam próprios e não dependam da expressão<br />

lingüística.<br />

Tanto filósofos quanto lingüistas concordam<br />

que o pensamento tomado em si mesmo é uma<br />

massa amorfa e indistinta como uma nebulosa em<br />

que nada é delimitado e não pode ser captado a<br />

não ser formado e atualizado na língua.<br />

A língua é para Saussure 10 comparável a<br />

uma folha de papel, em que o pensamento é a<br />

face e a imagem acústica é o verso. Não há como<br />

isolar a imagem acústica do pensamento, nem o<br />

pensamento da imagem acústica, da mesma for-<br />

____________________<br />

6 ECO, U. O signo. 5. ed. Lisboa: Presença, 1997.<br />

7 SAUSSURE, op. cit. p. 80.<br />

8 BENVENISTE, op. cit., 1995, p. 69.<br />

9 Idem.<br />

10 SAUSSURE, op. cit. p. 131.<br />

11 BENVENISTE, op. cit. 1989, p. 51.<br />

12 ECO, op. cit.<br />

13 SAUSSURE, op. cit., p. 81<br />

AS PALAVRAS E A JUSTIÇA<br />

43<br />

UNIJUS<br />

ma que não se pode recortar a face de um papel<br />

sem recortar ao mesmo tempo o seu verso.<br />

Assim, ao manifestar seus pensamentos,<br />

as pessoas utilizam um código lingüístico, cujo<br />

sistema é formado por signos, sem os quais seria<br />

impossível distinguir duas idéias de maneira<br />

clara e constante.<br />

O papel do signo lingüístico é, pois, o de representar,<br />

tomando o lugar de outra coisa, evocando-a<br />

como substituto, como afirma Benveniste 11 .<br />

Como a relação recíproca entre língua e<br />

pensamento afeta diretamente o conceito de signo<br />

lingüístico, é importante concentrar nossas<br />

atenções nas definições já propostas por alguns<br />

estudiosos.<br />

Eco 12 chamou de signo aquilo que está no<br />

lugar de outra coisa. Quando se diz que “algo”<br />

está por “outra coisa”, não se quer dizer que o<br />

signo equivale a esse “algo.” Uma palavra é um<br />

signo porque designa algo que não é ela, mas é<br />

representado por ela. Ao emitirmos signos pensamos<br />

indicar coisas. Se entendermos o signo<br />

como alguma coisa que está em lugar de outra,<br />

ou por outra, estamos classificando-o como elemento<br />

no processo de significação.<br />

Assim, o signo “boi” cujo significante é<br />

[boi ] e significado (para os que possuem o código<br />

português): animal mamífero, quadrúpede,<br />

ruminante etc..; tem o referente ou o terceiro<br />

termo o boi presente ou todos os bois que já<br />

existiram, existentes e que existirão no mundo;<br />

sua referência é a relação entre o significante e o<br />

referente, ou seja, entre o signo e a realidade ou<br />

o mundo.<br />

Saussure 13 chamou de signo a combinação<br />

do conceito e da imagem acústica. A partir do<br />

“C L G ”, conceito passou a ser denominado<br />

significado e imagem acústica significante. O<br />

signo lingüístico, portanto, é uma entidade dupla,<br />

cujo elo que une seus dois termos, ambos<br />

psíquicos, é arbitrário, assim como a relação<br />

do signo com a coisa extra- lingüística também<br />

o é.<br />

Com Saussure, o signo foi instaurado como<br />

unidade de língua e passa a ser a unidade mínima<br />

da frase. Para ele, o signo lingüístico une não

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