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O signo pode ser definido a princípio como<br />
sendo aquilo que está no lugar de outra coisa, ou<br />
seja, uma coisa que representa outra 6 .<br />
Saussure 7 , chamou de signo a combinação<br />
do conceito e da imagem acústica, entendendo<br />
conceito como significado e imagem acústica<br />
como significante. E estabelece que o elo que<br />
une o significante ao significado é arbitrário, assim<br />
como a relação do signo com a “coisa”<br />
extra-lingüística, também o é. Por arbitrário, o<br />
autor entende que o signo é imotivado, ou seja<br />
arbitrário em relação ao referente com o qual<br />
não tem nenhuma ligação natural na realidade.<br />
Para ele, essa entidade lingüística só existe pela<br />
associação do significante ao significado. E uma<br />
seqüência de sons só é lingüística quando é<br />
suporte de uma idéia.<br />
O conteúdo psíquico (pensamento) só recebe<br />
forma quando é enunciado, como afirma<br />
Benveniste 8 e somente assim. Para tornar-se<br />
transmissível esse conteúdo deve ser distribuído<br />
entre morfemas de certas classes que por sua<br />
vez se organizam em certa ordem, ou seja, deve<br />
passar pela língua para conformar-se. De outra<br />
maneira não teríamos como apreendê-lo como<br />
conteúdo, pois se reduz a nada, ou a algo tão<br />
vago, cuja sutileza tornaria-se absolutamente<br />
indelével. Portanto, a forma lingüística não só é<br />
a condição de transmissibilidade do pensamento,<br />
mas a condição de sua realização.<br />
Benveniste 9 admitindo que o pensamento<br />
não pode ser captado a não ser formado e atualizado<br />
na língua, questiona o fato de não haver<br />
meios de reconhecer no pensamento caracteres<br />
que lhe sejam próprios e não dependam da expressão<br />
lingüística.<br />
Tanto filósofos quanto lingüistas concordam<br />
que o pensamento tomado em si mesmo é uma<br />
massa amorfa e indistinta como uma nebulosa em<br />
que nada é delimitado e não pode ser captado a<br />
não ser formado e atualizado na língua.<br />
A língua é para Saussure 10 comparável a<br />
uma folha de papel, em que o pensamento é a<br />
face e a imagem acústica é o verso. Não há como<br />
isolar a imagem acústica do pensamento, nem o<br />
pensamento da imagem acústica, da mesma for-<br />
____________________<br />
6 ECO, U. O signo. 5. ed. Lisboa: Presença, 1997.<br />
7 SAUSSURE, op. cit. p. 80.<br />
8 BENVENISTE, op. cit., 1995, p. 69.<br />
9 Idem.<br />
10 SAUSSURE, op. cit. p. 131.<br />
11 BENVENISTE, op. cit. 1989, p. 51.<br />
12 ECO, op. cit.<br />
13 SAUSSURE, op. cit., p. 81<br />
AS PALAVRAS E A JUSTIÇA<br />
43<br />
UNIJUS<br />
ma que não se pode recortar a face de um papel<br />
sem recortar ao mesmo tempo o seu verso.<br />
Assim, ao manifestar seus pensamentos,<br />
as pessoas utilizam um código lingüístico, cujo<br />
sistema é formado por signos, sem os quais seria<br />
impossível distinguir duas idéias de maneira<br />
clara e constante.<br />
O papel do signo lingüístico é, pois, o de representar,<br />
tomando o lugar de outra coisa, evocando-a<br />
como substituto, como afirma Benveniste 11 .<br />
Como a relação recíproca entre língua e<br />
pensamento afeta diretamente o conceito de signo<br />
lingüístico, é importante concentrar nossas<br />
atenções nas definições já propostas por alguns<br />
estudiosos.<br />
Eco 12 chamou de signo aquilo que está no<br />
lugar de outra coisa. Quando se diz que “algo”<br />
está por “outra coisa”, não se quer dizer que o<br />
signo equivale a esse “algo.” Uma palavra é um<br />
signo porque designa algo que não é ela, mas é<br />
representado por ela. Ao emitirmos signos pensamos<br />
indicar coisas. Se entendermos o signo<br />
como alguma coisa que está em lugar de outra,<br />
ou por outra, estamos classificando-o como elemento<br />
no processo de significação.<br />
Assim, o signo “boi” cujo significante é<br />
[boi ] e significado (para os que possuem o código<br />
português): animal mamífero, quadrúpede,<br />
ruminante etc..; tem o referente ou o terceiro<br />
termo o boi presente ou todos os bois que já<br />
existiram, existentes e que existirão no mundo;<br />
sua referência é a relação entre o significante e o<br />
referente, ou seja, entre o signo e a realidade ou<br />
o mundo.<br />
Saussure 13 chamou de signo a combinação<br />
do conceito e da imagem acústica. A partir do<br />
“C L G ”, conceito passou a ser denominado<br />
significado e imagem acústica significante. O<br />
signo lingüístico, portanto, é uma entidade dupla,<br />
cujo elo que une seus dois termos, ambos<br />
psíquicos, é arbitrário, assim como a relação<br />
do signo com a coisa extra- lingüística também<br />
o é.<br />
Com Saussure, o signo foi instaurado como<br />
unidade de língua e passa a ser a unidade mínima<br />
da frase. Para ele, o signo lingüístico une não