Construção do conhecimento agroecológico - Ministério do ...
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nos quais se alegava a existência de uma baixa oferta de tecnologias<br />
agroecológicas para o semi-ári<strong>do</strong> por parte das universidades e centros de pesquisa,<br />
em contraste com a situação que vivíamos simultaneamente no Paraná,<br />
onde também inaugurávamos um programa de desenvolvimento local.<br />
“As visitas que fazíamos às comunidades e propriedades tinham o foco<br />
centra<strong>do</strong> na avaliação e no debate sobre o efeito dessas técnicas inova<strong>do</strong>ras.<br />
As atividades de monitoramento se condicionavam bastante por essa<br />
lógica: procurávamos saber quantas famílias haviam introduzi<strong>do</strong> as novas<br />
técnicas e que impactos elas haviam produzi<strong>do</strong>. Por exemplo: quantos agricultores<br />
haviam implementa<strong>do</strong> o plantio em curva de nível, as espécies<br />
para adubação verde ou a catação <strong>do</strong> inseto ‘moleque da bananeira’”<br />
“Nos relacionávamos com agricultores organiza<strong>do</strong>s em grupos de interesse<br />
que tinham a função de monitorar e planejar juntamente conosco o<br />
trabalho liga<strong>do</strong> a um determina<strong>do</strong> campo temático6 . Esses grupos eram<br />
compostos por agricultores <strong>do</strong>s três municípios e articulavam as experiências<br />
que vinham conduzin<strong>do</strong> localmente. Porém, o que unia os grupos envolvi<strong>do</strong>s<br />
nos trabalhos com Agroecologia era o fato de serem assessora<strong>do</strong>s<br />
pela AS-PTA. A iniciativa estava toda conosco. Não havia uma identidade<br />
própria sen<strong>do</strong> construída pelos(as) agricultores(as)-inova<strong>do</strong>res”.<br />
“Logo percebemos que estávamos restringin<strong>do</strong> o alcance da transformação<br />
<strong>do</strong>s sistemas à aplicação das inovações que nós propúnhamos e às relações<br />
sociais que nós estabelecíamos. Ao procedermos assim, deixávamos de<br />
levar em conta as iniciativas de inovação <strong>do</strong>s próprios agricultores, que certamente<br />
existiam, mas que não vinham sen<strong>do</strong> socialmente valorizadas.”<br />
Desde o início <strong>do</strong> programa, incorporamos a prática de realizar diagnósticos<br />
participativos sobre diferentes temas relaciona<strong>do</strong>s à estrutura e<br />
ao funcionamento <strong>do</strong>s agroecossistemas. Além <strong>do</strong> diagnóstico mais geral<br />
sobre o conjunto <strong>do</strong>s agroecossistemas, realiza<strong>do</strong> em 1993, realizamos uma<br />
série de estu<strong>do</strong>s nos anos subseqüentes nos seguintes focos: os ambientes<br />
agrícolas da região; a diversidade de feijões cultiva<strong>do</strong>s; os subsistemas<br />
pecuários; o uso social das frutas nativas; o emprego das plantas medicinais;<br />
a gestão <strong>do</strong>s arre<strong>do</strong>res de casa; o manejo da biomassa nos sistemas; o<br />
impacto <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s agrotóxicos na agricultura familiar; o impacto das políticas<br />
públicas sobre a sustentabilidade da agricultura familiar em Lagoa<br />
Seca, entre outros. Esses diagnósticos, sobretu<strong>do</strong> os que abordaram os<br />
subsistemas pecuários e o manejo da biomassa, permitiram que a equipe da<br />
AS-PTA entendesse melhor o funcionamento <strong>do</strong>s agroecossistemas, em particular<br />
no que se refere às inter-relações entre os subsistemas. Foi a partir<br />
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<strong>Construção</strong> <strong>do</strong> Conhecimento Agroecológico