Construção do conhecimento agroecológico - Ministério do ...
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manejo da faxina (quintal) da família de Dona Maria <strong>do</strong> Carmo em Solânea<br />
o principal fator que desencadeou o desenvolvimento de uma linha de ação<br />
orientada para o aprimoramento <strong>do</strong>s arre<strong>do</strong>res das casas <strong>do</strong>s agricultores.<br />
Exemplos como esse proliferaram-se fazen<strong>do</strong> com que, no decorrer <strong>do</strong>s anos<br />
seguintes, verificássemos a multiplicação, em ritmo exponencial, <strong>do</strong> acervo<br />
de inovações técnicas e sócio-organizativas em experimentação na região,<br />
em contraste com o limita<strong>do</strong> cardápio de alternativas inova<strong>do</strong>ras existente<br />
nos primeiros anos <strong>do</strong> programa.<br />
A alteração na abordagem meto<strong>do</strong>lógica também nos chamou a atenção<br />
para a necessidade de clarificarmos a própria noção de inovação com a<br />
qual estávamos trabalhan<strong>do</strong>. Adquirimos a nítida percepção de que inovação<br />
não é necessariamente aquilo que vem de fora, seja de agricultores de<br />
outras regiões, seja de técnicos. Pelo contrário, em geral ela brota <strong>do</strong> terreno<br />
<strong>do</strong> cotidiano local a partir da convivência <strong>do</strong>s agricultores com os desafios<br />
encontra<strong>do</strong>s na gestão técnica e econômica de suas propriedades. Assim,<br />
embora os problemas sejam vivencia<strong>do</strong>s de forma coletiva, as soluções<br />
para enfrentá-los costumam ser criadas por meio de iniciativas individuais<br />
ou de pequenos grupos. Em outras palavras: as inovações individuais<br />
surgem como resposta a problemas que não são somente <strong>do</strong> inova<strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong>,<br />
por essa razão, importante significa<strong>do</strong> para a coletividade.<br />
Outra característica que define a inovação, tal como passamos a concebêla,<br />
é o fato de que ela não pode ser entendida como uma técnica dura,<br />
passível de generalização. Uma inovação pode ser simplesmente uma nova<br />
idéia (ou mesmo uma nova inspiração) para o manejo técnico ou para a<br />
organização <strong>do</strong> trabalho que vise à otimização <strong>do</strong>s recursos localmente<br />
disponíveis para os processos produtivos. Portanto, ela deverá ser sempre<br />
adaptada a situações específicas por meio da experimentação.<br />
Esse novo enfoque tornou meto<strong>do</strong>logicamente coerente a relação entre<br />
os diagnósticos participativos e a dinâmica social de experimentação.<br />
Os primeiros definem problemas e suas respectivas hipóteses, enquanto a<br />
última testa essas hipóteses na realidade concreta vivenciada pelos agricultores.<br />
Configura-se assim uma sistemática cumulativa de gestão <strong>do</strong> <strong>conhecimento</strong><br />
fundamentada no permanente questionamento e revisão <strong>do</strong>s<br />
modelos de hipóteses.<br />
“A construção de novas percepções pela equipe sobre a problemática<br />
técnica <strong>do</strong>s agroecossistemas foi o que permitiu a evolução nas nossas abordagens<br />
meto<strong>do</strong>lógicas. Passamos a interpretar as inovações a partir de uma<br />
visão mais integra<strong>do</strong>ra, ou seja, a partir de suas funções e impactos sistêmicos.<br />
<strong>Construção</strong> <strong>do</strong> Conhecimento Agroecológico 113