Construção do conhecimento agroecológico - Ministério do ...
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tação <strong>do</strong> povo era a idéia-chave de to<strong>do</strong> o processo social de construção de<br />
soluções aos problemas locais.<br />
O terceiro princípio liga-se ao fato de que as CEBs enraizavam suas<br />
ações nas práticas de convívio social preexistentes nas comunidades. Criavam<br />
novos laços de interação comunitária sem que para isso os antigos<br />
fossem desata<strong>do</strong>s, reforçan<strong>do</strong> os mecanismos de sociabilidade local. Dessa<br />
forma, as CEBs foram capazes de associar seu desenvolvimento à revitalização<br />
das culturas locais, incrementan<strong>do</strong>-as com novos conceitos para a leitura<br />
da realidade e novas meto<strong>do</strong>logias de ação. Nesse senti<strong>do</strong>, o seu méto<strong>do</strong><br />
era estimula<strong>do</strong>r da plena participação <strong>do</strong>s membros das comunidades nos<br />
processos de transformação de suas próprias realidades, valen<strong>do</strong>-se da<br />
criatividade da vida comunitária como força social transforma<strong>do</strong>ra.<br />
A partir <strong>do</strong> início da década de 1980, a construção <strong>do</strong> movimento<br />
<strong>agroecológico</strong> se processou essencialmente por meio da interação das comunidades<br />
rurais e organizações de base estimuladas pelas CEBs com instituições<br />
de assessoria comprometidas com a viabilidade social e econômica<br />
da agricultura familiar (camponesa) e porta<strong>do</strong>ras de uma proposta de agricultura<br />
alternativa à Revolução Verde. No entanto, a convergência de alguns<br />
<strong>do</strong>s princípios de ação das entidades de assessoria agroecológica (sobretu<strong>do</strong><br />
ONGs) com os fundamentos <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> das CEBs não foi imediata,<br />
mas vem se fazen<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong> de um longo processo de experimentação<br />
e aprimoramento meto<strong>do</strong>lógico.<br />
Com efeito, o encontro das assessorias com as organizações de base se<br />
fez mediante um verdadeiro choque epistemológico. Por mais comprometidas<br />
politicamente com a causa <strong>do</strong> campesinato e por maior sensibilidade<br />
que tivessem com relação à importância da sabe<strong>do</strong>ria popular para o<br />
desenvolvimento local, as assessorias técnicas eram então compostas<br />
majoritariamente por profissionais forma<strong>do</strong>s academicamente com base<br />
nos princípios técnicos e meto<strong>do</strong>lógicos <strong>do</strong>s cursos superiores e médios<br />
de ciências agrárias, desenvolvi<strong>do</strong>s para viabilizar a expansão das<br />
formas capitalistas de produção no campo. Portanto, embora criticassem<br />
o modelo técnico convencional, no primeiro momento as assessorias encontraram<br />
dificuldades de se desvincular <strong>do</strong> viés produtivista e da perspectiva<br />
difusionista de atuação. Ademais, desconheciam instrumentos<br />
meto<strong>do</strong>lógicos para apreender as racionalidades técnicas, econômicas e<br />
ecológicas da agricultura familiar, o que lhes impedia de elaborarem leituras<br />
complexas sobre as realidades nas quais viviam e produziam as famílias<br />
de agricultores que assessoravam.<br />
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<strong>Construção</strong> <strong>do</strong> Conhecimento Agroecológico