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Construção do conhecimento agroecológico - Ministério do ...

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so mudar! Produzir grãos como matéria-prima e/ou convertê-los em proteína<br />

animal para aquelas famílias não era mais viável econômica, ambiental<br />

ou socialmente. A opção construída coletivamente foi partir para a exploração<br />

e <strong>do</strong>mínio da cadeia produtiva da cana-de-açúcar.<br />

Com o trabalho de assessoria utilizan<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia de planejamento<br />

estratégico participativo (PEP), cada grupo foi identifican<strong>do</strong> seu<br />

próprio potencial. A aptidão pela cultura da cana-de-açúcar, o clima favorável<br />

ao seu desenvolvimento pela localização às margens <strong>do</strong> rio Uruguai –<br />

estan<strong>do</strong> assim protegida <strong>do</strong> frio intenso –, aliada à prática comum nas<br />

famílias de imigrantes em cultivar a cana e dela retirar boa parte de seu<br />

sustento, fizeram com que alguns grupos decidissem pelo investimento<br />

nessa atividade como principal fonte de renda.<br />

Em praticamente todas as propriedades da região, há o hábito de produzir<br />

e utilizar artesanalmente a cana-de-açúcar para alimentação humana<br />

e <strong>do</strong>s animais. Essa é, sem dúvida, uma alternativa viável em termos culturais,<br />

econômicos e na contribuição para o aumento e preservação da<br />

biodiversidade, uma vez que o manejo é ecológico e encontra microclima<br />

propício.<br />

A partir da proposta de que as famílias de agricultores deveriam ter o<br />

<strong>do</strong>mínio de toda a cadeia produtiva, que envolve a definição das formas de<br />

produção, pesquisa, agregação de valor e o acesso ao merca<strong>do</strong>, iniciou-se<br />

o aprofundamento dessas questões e a implantação das primeiras experiências<br />

nas unidades produtivas.<br />

Este artigo é uma tentativa de explicitar a trajetória de algumas famílias<br />

de agricultores que passaram de meros executores de práticas agrícolas<br />

convencionais, que lhes tiraram o direito de praticar a agricultura tradicional,<br />

para uma nova concepção, onde a sustentabilidade passou a ser o<br />

principal objetivo. A partir daí, ações foram implementadas, como a construção<br />

coletiva <strong>do</strong> <strong>conhecimento</strong> a partir de espaços de formação e da pesquisa<br />

participativa, conforme aqui relata<strong>do</strong>.<br />

2. O contexto da experiência<br />

A região <strong>do</strong> alto Uruguai caracteriza-se por uma concentração muito<br />

grande de agricultores familiares dividin<strong>do</strong> espaços com a agricultura patronal<br />

que, via de regra, ocupa as melhores áreas <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong><br />

relevo. Com isso, criou-se uma diferenciação clara entre pelo menos <strong>do</strong>is<br />

agroecossistemas: áreas de monocultivos de grãos produzi<strong>do</strong>s de forma<br />

<strong>Construção</strong> <strong>do</strong> Conhecimento Agroecológico 167

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