Construção do conhecimento agroecológico - Ministério do ...
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A luta por melhores condições de vida e políticas públicas voltadas<br />
para a realidade da pequena produção familiar fortaleceu a organização<br />
social na região (Sousa, 2002). Crédito rural, assistência técnica, energia<br />
elétrica, estradas e condições de saúde foram as principais bandeiras de<br />
reivindicação. Iniciaram-se ações de mobilização social, como os Gritos da<br />
Tocantina, <strong>do</strong> Campo e depois da Amazônia, que culminam em um grande<br />
movimento de articulação política <strong>do</strong>s(as) trabalha<strong>do</strong>res(as) rurais.<br />
A conquista <strong>do</strong> crédito deu-se em 1995 e trouxe consigo aspectos importantes<br />
que mudaram o manejo e a gestão das propriedades rurais, introduzin<strong>do</strong><br />
grandes quantidades de insumos externos às mesmas. No final<br />
da década de 1990, constitui-se uma nova conformação social, com o aparecimento<br />
de inúmeras entidades de representação de classe e de fortalecimento<br />
econômico <strong>do</strong>s agricultores familiares, como colônias de pesca<strong>do</strong>res,<br />
cooperativas, associações, ONGs, etc.<br />
Num primeiro momento, o trabalho de assistência técnica e extensão<br />
rural (Ater) na região era conduzi<strong>do</strong> pela prelazia de Cametá, por meio de<br />
cursos e apoios à produção agropecuária. Nessa época, é realizada a primeira<br />
experiência com a formação de agricultores monitores, responsáveis<br />
por repassar o <strong>conhecimento</strong> aprendi<strong>do</strong> nos cursos aos demais. O modelo<br />
de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> era basea<strong>do</strong> na difusão de tecnologias com o fomento<br />
para compra de adubo químico e utilização de mudas fornecidas pela<br />
Igreja. A prelazia discutia ainda com os(as) agricultores(as) uma meto<strong>do</strong>logia<br />
de planejamento <strong>do</strong> sítio como forma de melhoria <strong>do</strong>s sistemas de<br />
produção das famílias.<br />
Também na década de 1990, com a conquista <strong>do</strong> crédito e a elaboração<br />
<strong>do</strong>s projetos pela Emater (assistência técnica estatal), ocorre o aprofundamento<br />
<strong>do</strong> modelo da Revolução Verde. Muitas famílias passam a implantar os pacotes<br />
tecnológicos e projetos de monoculturas – pimenta-<strong>do</strong>-reino, coco, laranja,<br />
muruci –, que, associa<strong>do</strong>s à utilização de grandes quantidades de adubos e<br />
agrotóxicos, agravaram a crise ambiental na região. A substituição <strong>do</strong> uso tradicional<br />
da mata pelos projetos financia<strong>do</strong>s com recursos oficiais aumentou<br />
ainda mais o desequilíbrio ecológico, bastante acentua<strong>do</strong> em função das constantes<br />
derrubadas para exploração de madeira.<br />
A falta de condições da Emater para prestar um serviço de qualidade<br />
aos agricultores, além da pouca adaptação das tecnologias à realidade <strong>do</strong>s<br />
mesmos, fez com que muitos não conseguissem implantar seus projetos,<br />
ocasionan<strong>do</strong> uma grande massa de pequenos(as) produtores(as) endivida<strong>do</strong>s<br />
junto aos bancos.<br />
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<strong>Construção</strong> <strong>do</strong> Conhecimento Agroecológico