Construção do conhecimento agroecológico - Ministério do ...
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volvimento. O estabelecimento desse vínculo entre a ação prática e o debate<br />
no plano político foi o que permitiu mobilizar as redes de agricultoresexperimenta<strong>do</strong>res<br />
em torno a processos de análise crítica sobre o padrão<br />
socialmente excludente e ambientalmente degrada<strong>do</strong>r <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
rural da região e, por analogia, <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> país.<br />
As análises realizadas procuravam demonstrar que o modelo hegemônico<br />
não é o resulta<strong>do</strong> de um destino inexorável, mas fruto de opções políticas que<br />
historicamente conduziram ao atual padrão de ocupação e uso da terra e seus<br />
recursos. Ao incorporarmos essa perspectiva histórico-processual nos debates<br />
<strong>do</strong>s grupos de experimenta<strong>do</strong>res, tornou-se evidente que a generalização da<br />
opção agroecológica só se fará a partir <strong>do</strong> engajamento político <strong>do</strong>s mesmos<br />
na defesa das alternativas técnicas e sócio-organizativas que vêm sen<strong>do</strong> desenvolvidas<br />
na prática. Dessa forma, ao mesmo tempo em que defendem alternativas,<br />
os agricultores envolvi<strong>do</strong>s nas redes locais de inovação agroecológica adquiriram<br />
melhores condições para questionar políticas públicas que reiteram o<br />
modelo hegemônico, como, por exemplo, a transposição <strong>do</strong> rio São Francisco,<br />
o uso de transgênicos na agricultura, a orientação <strong>do</strong>s projetos oficiais de<br />
crédito rural e o enfoque técnico e meto<strong>do</strong>lógico <strong>do</strong>s serviços oficiais de extensão<br />
rural.<br />
Além disso, a incorporação da dimensão política nos debates realiza<strong>do</strong>s<br />
junto aos grupos de experimenta<strong>do</strong>res fez com que a própria relação<br />
entre as organizações e as suas bases sociais evoluísse.<br />
“Os sindicatos passaram a sair de trás <strong>do</strong> birô, onde se ocupavam essencialmente<br />
<strong>do</strong>s trâmites formais da previdência social, e passaram a divulgar<br />
os trabalhos de Agroecologia nas comunidades de seus municípios.”<br />
“Essa aproximação <strong>do</strong>s sindicatos com sua base social abriu espaço<br />
para que novas lideranças surgissem a partir de suas ações como agricultores-experimenta<strong>do</strong>res.”<br />
O novo papel <strong>do</strong>s STRs foi assim defini<strong>do</strong> por uma das lideranças <strong>do</strong><br />
Pólo: “Os sindicatos têm que descobrir os tesouros que estão escondi<strong>do</strong>s<br />
nas comunidades”, referin<strong>do</strong>-se ao fato de que existem muitos agricultores<br />
e grupos comunitários que já possuem respostas criativas a muitos <strong>do</strong>s<br />
problemas vivencia<strong>do</strong>s pela agricultura familiar na região. Essas iniciativas<br />
são os tesouros que precisam ser descobertos e valoriza<strong>do</strong>s e, segun<strong>do</strong> essa<br />
liderança, esse é um papel que cabe aos sindicatos.<br />
“Com essa perspectiva em mente, os agricultores passaram a se afirmar<br />
como produtores de <strong>conhecimento</strong>s e hoje se colocam politicamente ao<br />
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<strong>Construção</strong> <strong>do</strong> Conhecimento Agroecológico