28.05.2013 Views

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

golpeado poderia levar aquela criatura à morte. Desta forma, o índio acertou uma flecha na<br />

boca da criatura que veio a morrer. Entretanto a história do Camunderê não terminaria aí,<br />

pois a partir de então ele teria se transformado numa “assombração”: “apesar de estar<br />

morto, até hoje existe assombração desse bicho perigoso” (Pataxó, 1997a.23).<br />

Parece que estas são as duas, pelo menos principais, entidades espirituais que<br />

restaram da antiga cosmologia Pataxó, mas não há rituais de veneração ou devoção a elas,<br />

apenas respeito. No caso do Camunderê, tudo indica que eles o encaram apenas como uma<br />

figura mitológica. Há indícios de veneração da lua, mas parece serem casos isolados, não<br />

envolvendo todo povo. Segundo Kanátyo (Pataxó, 1997a.25), sua mãe venera a lua<br />

fazendo orações para ela sempre que está cheia, crendo que esta a livra de vários males.<br />

5.1.4.3. CASA DE REUNIÕES<br />

Ao contrário da maioria dos grupos indígenas de <strong>Minas</strong>, os Pataxó não preservaram<br />

objetos sagrados, nem mesmo para os seus rituais. Fazem uso da Casa de Reunião –<br />

Cabana – que apesar de ser o local do awê, não chega a ser considerada sagrada por todo o<br />

povo, a não ser por alguns como Kanátyo, que atribui caráter sagrado também à pedra, à<br />

floresta e ao canto dos pássaros (Dutra, 1998.12). Esta é bem característica, com um<br />

formato redondo, construída com grossos troncos de madeira, coberta por capim e possui<br />

uma espécie de parede também de madeira com não mais que um metro de altura. É<br />

realmente uma construção encantadora e por eles muito bem preservada. Ali realizam não<br />

apenas as danças cerimoniais mas também as demais reuniões comunitárias.<br />

5.1.5. ESTUDO DE PODER SOCIAL<br />

A organização política dos Pataxó é centrada no chefe familiar, que ao seu modo<br />

lidera sua família e responde por ela junto ao grupo. O sistema de liderança é simples, com<br />

um cacique e subcacique para cada vilarejo, não havendo mais a função de pajé.<br />

5.1.5.1. CACIQUE<br />

Os caciques Thyundayba, Mangagá e Bayara lideram cada um uma aldeia ou<br />

vilarejo, e juntos lideram todo o grupo. Não há qualquer ascendência hierárquica entre eles,<br />

mas Thyundayba se destaca em influência por ser o líder da aldeia maior e também<br />

vereador do município de Carmésia já no quarto mandato. Pesa também o fato de ter sido o<br />

primeiro a migrar para a Fazenda Guarani em 1975, com sua esposa, quatro filhos e nora.<br />

Aos caciques compete liderar o grupo nas decisões e iniciativas comunitárias, bem<br />

como representá-lo externamente. Quando equipes saem para realizar apresentações em<br />

99

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!