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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

compartilhando a mesma cultura. Ao que parece, a maioria destes grupos eram distintos<br />

etnicamente, mas se uniram para somar forças na defesa e expansão do seu território.<br />

As primeiras notícias dos Botocudos datam de 1505, quando uma grande expedição<br />

chefiada por Francisco Espinoza, tendo como companheiro o padre Azpilcueta Navarro,<br />

subiu os rios Buranhém, Jequitinhonha e São Mateus, encontrando “um povo numeroso<br />

entre os rios Pardo e Jequitinhonha, (...) que se enfeita com grandes rodelas de madeira nas<br />

orelhas e no lábio inferior” (Soares 12 , 1992.23), e os primeiros contatos belicosos se deram<br />

ainda no século XVI, quando da instalação das capitanias de Ilhéus e Porto Seguro, onde<br />

por fim, grupos Botocudos acabaram sendo aldeados, em 1602, com o trabalho do Padre<br />

Domingues Rodrigues (Paraíso, 1998.414).<br />

Nos registros históricos, vários nomes são dados aos Botocudos. Durante boa parte<br />

do período colonial, eles são chamados de Aimoré – nome dado pelos Tupi aos povos que<br />

não viviam no litoral e não eram do seu grupo. Parece que inicialmente eram chamados de<br />

Tapuias – os povos que moravam no interior. Aparecem ainda outros nomes menos<br />

freqüentes, como Aim-Pore – habitante das brenhas; Aim-Boré – malfeitor; Aim-Buré –<br />

os que usam botoques de embaré; Aim-Biré – nome do chefe indígena que se aliou aos<br />

franceses e que é citado por Padre Anchieta no poema Confederação dos Tamoios; e Guai-<br />

Muré – gente de nação diferente. Em documentos do século XVII, aparecem os nomes<br />

Guerém e Gren-Kren. No século XVIII, passam a ser chamados de Botocudos, sendo<br />

esta a forma mais usada para se referir a eles até hoje. Entretanto, Botocudos é um termo<br />

pejorativo, inventado pelos portugueses, dado ao fato deles usarem botoques como enfeites<br />

labiais e auriculares. Botoque para os portugueses é a rolha com que se fecha o barril de<br />

cachaça. No século XIX, os grupos do Vale do Rio Doce, se autodenominavam<br />

Engrekum, que significa andarilho (Soares, 1992.40-41). Parece que esta confederação<br />

não dava um nome a si própria, ou se dava, este não foi registrado. Cada grupo tinha a sua<br />

autodenominação “que em geral seguia o nome do líder que o fundara, através de cisão<br />

com o originário, ou de uma característica geográfica que identificava o território de caça<br />

exclusivo dos agrupamentos” (Mattos 13 , 1996.65). Os únicos remanescentes Botocudos,<br />

12 Desde 1979 diretamente envolvida com a questão indígena de <strong>Minas</strong> Gerais, Geralda Chaves Soares se<br />

tornou uma das principais indigenistas do Estado. Profunda conhecedora da história indígena de <strong>Minas</strong>, e em<br />

particular dos Botocudos, bem como da história e cultura Maxakali, pois morou com eles durante oito anos.<br />

Fez parte ativa da comissão organizadora da Campanha Internacional pela Regularização do Território<br />

Maxakali. Liderou o processo de obtenção de terras para os Pankararu e agora lidera a luta pelo<br />

reconhecimento étnico dos Aranã. Autora de vários trabalhos na área, entre eles, “Os Boruns do Watu – Os<br />

Índios do Rio Doce”.<br />

13 Izabel Missagia Mattos é uma grande conhecedora da história indígena de <strong>Minas</strong>, em particular dos<br />

Botocudos, pois sobre eles fez sua pesquisa de mestrado. Atualmente está pesquisando novamente sobre a<br />

história indígena de <strong>Minas</strong> para a sua tese de doutorado em antropologia social na UNICAMP. Já escreveu<br />

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