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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 177<br />

relevante. Falta ainda um certo grau de agressividade. O evangelho não pode ser<br />

apresentado apenas para que se tome conhecimento. A mensagem de Jesus sempre exigiu<br />

uma resposta ativa e assim deve ser a mensagem missionária.<br />

3.3.2. EVANGELISMO PESSOAL E CONFRONTO DE PODERES<br />

Imaturidade Cristã - Como já mencionado é difícil avaliar a recente abordagem<br />

entre os Maxakali, mas entre os Pataxó e Krenak, bem como na ênfase de confronto de<br />

poderes entre os Xacriabá, falta exatamente um sólido programa de ensino bíblico e<br />

discipulado. Muita atenção tem sido dada à conversão e depois aos cultos que têm também<br />

uma ênfase mais evangelística ou libertação, tendo como resultado imaturidade da fé.<br />

Dependência de Liderança Não-indígena – Se pessoas estão se convertendo mas<br />

não estão crescendo na fé, logo, líderes indígenas não estão sendo treinados e<br />

consequentemente também não há indícios de uma auto-teologização. No caso dos<br />

Xacriabá, tem-se levantado alguns líderes indígenas, como o obreiro da Cristã no Brasil e<br />

os dois diáconos da Assembléia de Deus, mas não há qualquer tipo de treinamento destes<br />

líderes. Apesar de terem liderança, possuem um ínfimo conhecimento bíblico, podendo<br />

conduzir as igrejas para um nível ainda maior de imaturidade. Não há assim sinal de<br />

autoctonia com uma excessiva dependência de liderança não-indígena.<br />

Vale alertar também, que como uma sólida teologia bíblica não tem sido elaborada<br />

em resposta às perguntas culturais e existenciais do povo, há um risco de sincretismo<br />

animista-evangélico (Lidório, 1998.60) entre os Pataxó e Krenak, enquanto entre os<br />

Xacriabá este risco é muito pequeno, devido a atenção que é dada ao rompimento com a<br />

antiga religiosidade.<br />

Um ponto negativo comum na abordagem kerygmática é a falta de envolvimento<br />

com os problemas do povo. Faltam propostas de solução para os principais problemas<br />

enfrentados por estes grupo. Por exemplo, nada tem sido feito para sanar o analfabetismo<br />

dos Xacriabá (cf. 2.1.5.3. 2ª Parte), o alcoolismo Maxakali (cf. 3.1.5.2. 2ª Parte), o<br />

desgastado relacionamento dos Krenak com a sociedade regional, marcado pela<br />

discriminação (cf. 4.1.6.3. 2ª Parte), ou a produção agrícola na cansada terra Pataxó (cf.<br />

5.1.6.1. 2ª Parte). O principal efeito desta falta de envolvimento social é a compreensão<br />

limitada do evangelho, como uma mensagem puramente espiritual. Uma das<br />

características do animismo que basicamente todos os grupos mineiros ainda mantêm bem<br />

vívida, é a compreensão da religião como algo “utilitário e prático” e não como um<br />

conjunto de princípios que visam unir o homem a Deus (Lidório, 2001b.27). Desta forma,

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