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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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4.3. AS FRENTES DE EXPANSÃO TERRITORIAL<br />

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

A dominação do Estado de <strong>Minas</strong> se deu a partir de três principais frentes de<br />

expansão, que seguiam respectivamente o curso dos rios Doce, Jequitinhonha e Mucuri, os<br />

quais ligavam o território mineiro ao litoral. Às margens e proximidades destes rios e seus<br />

afluentes se deram os principais massacres de indígenas.<br />

4.3.1. VALE DO RIO DOCE<br />

Ainda no ano de 1808, foi criada a Junta Militar de Civilização dos Índios,<br />

Conquista e Comércio do Rio Doce, estabelecendo seis quartéis ao longo deste rio com<br />

fins de servir como ponto de apoio à guerra de extermínio dos indígenas. Os Botocudos,<br />

profundos conhecedores da selva, resistiram e venceram os soldados desta Companhia,<br />

mas ainda assim, aldeias inteiras foram contaminadas com vírus de varíola e sarampo<br />

(CEDEFES, 1987.32). Apesar desta tamanha resistência inicial, a região do Rio Doce e<br />

seus afluentes mineiros, foi a segunda a ser considerada sob controle, através do trabalho<br />

de Guido Marlière (Paraíso, 1998.418). Desta região, os únicos sobreviventes de guerra<br />

hoje são os Krenak, descendentes dos Botocudos, que mesmo perdendo sua língua e<br />

grande parte dos seus costumes culturais, não perderam a consciência da sua indianidade.<br />

4.3.2. VALE DO RIO JEQUITINHONHA<br />

Esta frente de expansão foi comandada por Julião Taborda Fernandes Leão, chefe<br />

da 7 ª Divisão Militar, que fundou quatro quartéis militares os quais acabaram se tornando<br />

cidades ainda hoje existentes – Jequitinhonha, Almenara, Joaíma e Salto da Divisa.<br />

Aventureiros, assassinos, traficantes e bêbados são alistados nos destacamentos<br />

militares, e desta forma, os aliados na captura dos indígenas foram os piores elementos da<br />

região. O território diminuía e por isto os temidos Botocudos se voltavam contra os grupos<br />

indígenas menores, levando grupos como os Malali, Maxakali e Makuni a buscarem<br />

proteção nos brancos. Julião Taborda usa-os na guerra contra os Botocudos, como já fazia<br />

com os demais índios aprisionados (CEDEFES, 1987.33). O Vale do Jequitinhonha foi a<br />

primeira área a ser considerada pelo Governo como “pacificada”, apesar de alguns grupos<br />

desta região continuarem arredios, evitando o contato, e para isto, se deslocando<br />

constantemente pelas matas (Paraíso, 1998.418). Desta região, os únicos sobreviventes de<br />

guerra hoje são os Maxakali, que quase extintos, se reestruturaram novamente conseguindo<br />

preservar sua língua e cultura, através de um esforço quase sobre-humano.<br />

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