SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
sentimos o fim de suas energias. Krenak chamou seu povo: Eu vou morrer (...) Veio outra<br />
lua e a alma principal do velho Krenak deixou seu corpo” (Krenak, 1997.37).<br />
Mattos (1996.168) relata também que “uma criança Nakhre-ré de 11 anos, ao<br />
relatar a morte de um menino de 9 anos, baleado pela mãe, disse que este ao ser ferido,<br />
saiu a correr, sendo seguido por sua alma um pouco atrás, até cair debaixo da cerca”.<br />
4.1.5.2.3. KREMBÁ<br />
Krembá era o pai de Laurita Félix e pelo seu depoimento pode-se deduzir que era<br />
um pajé, sendo hoje o espírito (nanitiong) que orienta os Krenak através da xamã, Marilza,<br />
filha de Laurita, logo, neta do próprio Krembá. Desde que começou a manifestar-se através<br />
da sua neta, vem determinando que sejam “realizados os trabalhos de reorganizar o grupo,<br />
voltar a ‘dançar’ seus rituais, fazer arcos e flechas, curar suas doenças pela forma<br />
tradicional, falar sua antiga língua e recuperar o mastro sagrado” (Paraíso, 1998.Internet).<br />
4.1.5.2.4. TOKÓN<br />
Estes são os espíritos da natureza, que também mantêm contato com os xamãs<br />
durante os rituais. Paraíso (1998.Internet) sugere que assumiram um papel central no<br />
universo religioso Krenak, por estarem associados à disputa política entre as duas metades.<br />
4.1.5.3. LUGARES E OBJETOS SAGRADOS<br />
Ao que parece, o único objeto sagrado que os Krenak possuíam era exatamente o<br />
Yonkyón que lhes foi roubado. Já lugares sagrados, eles possuem alguns, sendo os<br />
principais os abrigos rupestres e a casa de religião.<br />
4.1.5.3.1. OS ABRIGOS RUPESTRES<br />
O Vale do Rio Doce é rico em abrigos rupestres, estudados em 1994 pela<br />
antropóloga Izabel Mattos e pela arqueóloga-historiadora Alenice Baeta 66 , nos quais<br />
predominam figuras de flechas que os Krenak identificam como “flechas encantadas” dos<br />
seus ancestrais. Sobre isto Mattos (1996.173) comenta:<br />
Não é provável que as pinturas existentes nos diversos abrigos rupestres do Vale do<br />
Rio Doce tenham sido feitas por antepassados dos Krenak. Contudo, eles parecem,<br />
de fato, apropriar-se e identificar-se com as pinturas, considerando-as ‘mágicas’,<br />
(por acreditarem que nunca podem ser apagadas), interpretando-as como parte de<br />
sua herança cultural, sendo que a visita a esses lugares lhes traz o sentimento de<br />
encontro e comunicação com os Marét.<br />
66 Arte Rupestre, Etno-História e Identidade <strong>Indígena</strong> no Vale do Rio Doce – MG. Belo Horizonte: UFMG,<br />
1994.<br />
84