SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
trabalho de ensino e discipulado, com incentivo à evangelização, seria o ideal nestas<br />
igrejas já plantadas, mas dificilmente alguma delas aceitaria a cooperação de um obreiro de<br />
outra denominação. Como pelo menos dez aldeias ainda não têm qualquer trabalho<br />
evangélico, parece estratégico direcionar esforços inicialmente a estas.<br />
Vale considerar que as portas para a evangelização dos Xacriabá estão abertas,<br />
devido a alguns fatos. Primeiro, antropólogos não têm tanto interesse neste povo devido a<br />
sua forte descaracterização cultural, o que é um fator facilitador pois são eles quem mais se<br />
opõem ao trabalho missionário. Segundo, por se tratar de um povo numericamente<br />
expressivo, tendo uma liderança forte e autônoma, a voz da FUNAI não é tão decisiva<br />
como em outros grupos, apesar de exercer influência. Logo, adquirindo a confiança e<br />
amizade da liderança, o obreiro teria passe livre para atuar. Terceiro, como todos são<br />
falantes do português e naturalmente receptivos, as barreiras são minimizadas.<br />
2.2.1. CENTROS ESTRATÉGICOS<br />
Sendo a permanência dentro da reserva proibida, três pequenas cidades se tornam<br />
estratégicas para uma abordagem missionária. São João das Missões é a mais estratégica,<br />
por se tratar do próprio município e ser a mais próxima da entrada principal. Entretanto,<br />
para atender as aldeias do norte ou sul da reserva, as cidades de Manga e Itacarambi seriam<br />
respectivamente estratégicas. Vale ressaltar que se trata de cidades pequenas e com poucos<br />
recursos.<br />
2.2.2. A QUESTÃO SINCRETISTA<br />
Faz-se necessário uma séria análise fenomenológica da religiosidade Xacriabá, bem<br />
como um profundo estudo da sua cosmologia para uma abordagem missionária relevante.<br />
É evidente que o catolicismo que professam foi assimilado a partir de uma base animista<br />
que até hoje é profundamente arraigada na sua cosmovisão. É preciso descer ao nível dos<br />
significados para uma correta leitura das diversas formas da sua religiosidade. A figura de<br />
Yayá parece estar intimamente relacionada com sua história de sofrimento, causada pela<br />
intrusão da sociedade externa com a chegada dos colonizadores. Tudo gira em torno do<br />
sofrimento do povo e da sua resistência. Logo, uma teologia de sofrimento é de<br />
necessidade primária no processo de plantio de igrejas neste povo. Casos de possessão são<br />
muito comuns em toda a tribo, dado a este íntimo relacionamento dos mesmos com o<br />
mundo dos espíritos o que, consequentemente, torna necessária uma sólida teologia do<br />
Espírito Santo. É preciso considerar também, que o fato deles não terem preservado o<br />
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