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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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1.2.3. EMERGENTES<br />

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

Desde o início da colonização, o governo sempre incentivou a política da<br />

miscigenação com o objetivo de acabar com a cultura indígena. Nos aldeamentos das<br />

missões católicas isto aconteceu com muito vigor. Quando em 1850 foi promulgada a Lei<br />

de Terras, muitas aldeias foram declaradas extintas sob a alegação de sua população ser<br />

mestiça. As terras ficaram para o Estado como devolutas e depois cedidas ou invadidas por<br />

fazendeiros. As famílias indígenas remanescentes tornaram-se, na sua maioria, agregadas<br />

destas fazendas, quando não expulsas. Como forma de resistência, algumas fomentavam<br />

casamentos entre si, firmando laços de parentesco e preservando alguns traços culturais.<br />

No início da década de 1970, atenção maior foi dada à questão indígena, e com o<br />

surgimento do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, da Igreja Católica, estes grupos<br />

começaram a ser acompanhados, ocorrendo assim um verdadeiro ressurgimento étnico. Em<br />

1971, em <strong>Minas</strong> Gerais e no Espírito Santo reconhecia-se apenas um grupo indígena – os<br />

Maxakali – enquanto hoje são onze. No Nordeste eram onze grupos, com pouco mais de<br />

doze mil pessoas, hoje são trinta e sete com mais de oitenta mil pessoas (Prezia, 2000.91).<br />

Classificamos aqui como grupos emergentes, portanto, os remanescentes de povos<br />

originários de <strong>Minas</strong> Gerais, que por um período de tempo desapareceram<br />

historiograficamente, mas reapareceram novamente como grupos étnicos. São eles:<br />

Kaxixó – Nunca deixaram o Estado nem seu território tradicional, mas só foram<br />

reconhecidos oficialmente como grupo étnico em 2001.<br />

Aranã – Originários do Alto Vale do Jequitinhonha, foram dispersos e agora se<br />

reorganizaram em grupo lutando pelo reconhecimento étnico.<br />

1.3. O MITO DO “ÍNDIO PURO”<br />

Assim como os povos indígenas do Nordeste, os de <strong>Minas</strong> são freqüentemente<br />

diminuídos e rebaixados a “índios de segunda categoria” devido a visão fantasiosa e<br />

utópica que durante centenas de anos foi alimentada e difundida pelos dominadores,<br />

através de livros didáticos, comerciais de televisão, e até materiais de cunho antropológico,<br />

segundo a qual, “índio” é aquele sujeito de pele vermelha, cabelos negros e lisos, que anda<br />

descalço e totalmente nu, com um grande cocar na cabeça, o corpo todo pintado, muitos<br />

enfeites de pena e um arco e flecha na mão. Que fala o tupi-guarani, mora numa pequena<br />

palhoça coberta de capim chamada oca, usa um instrumento musical chamado maracá,<br />

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