SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
As grutas são cavernas ou pedreiras onde, segundo eles, Yayá habita. Nelas ficam<br />
guardadas as “tralhas” usadas no Toré, como tigelas e outros vasilhames também sagrados.<br />
Estas grutas são bem preservadas por eles, não apenas pelo seu valor religioso, mas<br />
também pela consciência do valor natural das mesmas.<br />
2.1.3.3.3. OS OLHOS D’ÁGUA<br />
Estes são fontes perenes de água e portanto, importantíssimos para a comunidade,<br />
principalmente durante as longas estiagens. Como crêem que a “Dona” protege os olhos<br />
d’água, todos evitam o trânsito nestes locais.<br />
2.1.3.3.4. OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS<br />
Apesar de considerarem de menor importância religiosa, os sítios são também<br />
respeitados por conter uma grande quantidade de pinturas rupestres que eles atribuem aos<br />
seus ancestrais. Em 2001, foi realizada uma série de pesquisas arqueológicas na reserva,<br />
culminando no tombamento histórico, em fevereiro de 2002, de cinco grutas principais,<br />
riquíssimas em pinturas rupestres da chamada “Tradição São Francisco”, caracterizada por<br />
representações geométricas e de instrumentos diversos. Foram tombadas a Gruta Olhos<br />
D’Água, Gruta das Pinturas, Gruta Lapa Grande, Gruta dos Ventos e a Gruta do Cipó 32 .<br />
Alguns locais também considerados sagrados ficaram fora do território demarcado, como a<br />
Lagoa de Jaíba, a Mata de Jurema e a própria Igreja de São João das Missões.<br />
2.1.3.3.5. OBJETOS SAGRADOS<br />
Do conjunto de objetos sagrados, chamados de “tralhas” (Schettino, 1999.129), o<br />
principal é o Bastão, descrito como um instrumento de madeira, de tamanho médio e que<br />
pode ser tocado apenas pelo pajé, pois se outra pessoa tocá-lo, morrerá imediatamente<br />
(Paraíso, 1987.49). Fica guardado numa pedreira e só é retirado dali no momento do Toré,<br />
quando, segundo eles, o bastão dança sozinho e emite fumaça pelas extremidades.<br />
Um segundo objeto seria a Tigela Grande, feita de barro, onde é preparada a<br />
bebida chamada jurema, ingerida durante o Toré. E uma terceira classe de objetos são as<br />
Tigelas Pequenas, que são os vasilhames usados para distribuir a jurema.<br />
Segundo o cacique Rodrigão 33 , seu povo parou de praticar o Toré em 1944, quando<br />
ele tinha apenas cinco anos de idade, devido as muitas perseguições, principalmente de<br />
32 Exposição virtual no site: www.grupostone.cjb.net<br />
33 Em entrevista do dia 09/04/02.<br />
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