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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 165<br />

Infelizmente, durante o trabalho de tradução não foi possível realizar um trabalho<br />

de alfabetização em maior escala, como novamente comenta o próprio Harold Popovich<br />

(Antunes, 1999.ii):<br />

Juntos com os índios Maxakali, desenvolvemos o primeiro conjunto de cartilhas.<br />

Somente uma meia dúzia deles aprendeu a ler e escrever.<br />

Estas cartilhas são: cartilha 1 – Patap’; cartilha 2 – Kokex; cartilha 3 – Mõmõka; e<br />

cartilha 4 - Yãyã’ (Popovich, 1992a, b, c e d).<br />

2.1.3. TRADUÇÃO BÍBLICA<br />

Como já mencionado, o trabalho efetivo de tradução do Novo Testamento cobriu<br />

um período de dezessete anos (1962-1979), excluindo aqui o período de aprendizado,<br />

análise da língua e impressão. Foi um tempo árduo e de muito trabalho, com vários<br />

imprevistos e dificuldades, como enfermidades, revolta do povo contra fazendeiros, pouco<br />

interesse em aprender a ler e escrever, e ainda o estado de miséria do povo que vivia<br />

totalmente à margem da sociedade regional, sendo por ela discriminado. Várias campanhas<br />

de incentivo à leitura foram feitas, mas todas com pouco sucesso 135 .<br />

Ainda assim, o resultado foi uma tradução do Novo Testamento completo e de<br />

excelente qualidade. Mesmo depois de algumas décadas, tendo a língua sofrido<br />

consideráveis modificações ou evolução, os próprios Maxakali elogiam a tradução como<br />

ainda atual e compreensível a todos 136 .<br />

2.1.4. ASSISTÊNCIA DE SAÚDE<br />

Sendo a missionária Frances também enfermeira, além do trabalho lingüístico, ela<br />

atendia ao povo na área de saúde, fazendo curativos, aplicações e afins, sendo assim<br />

recordada como “mulher muito boa”. “Dona Francisca”, como era chamada e até hoje<br />

recordada por eles, se tornou conhecida em toda a região, principalmente nas fazendas<br />

vizinhas da aldeia, sendo procurada até por não-índios para atendimentos de saúde.<br />

O senhor Jorge Cardoso, mais conhecido como “Dodi”, hoje morador da cidade de<br />

Santa Helena, recorda com carinho quando naquela época ainda adolescente, recebeu<br />

cuidados da “Dona Francisca” num ferimento que teve na perna: “Sempre que olho para<br />

esta marca me lembro da Dona Francisca. Ela ainda é viva?” 137<br />

135 Segundo Frances Popovich. Idem.<br />

136 Zezinho Maxakali, em entrevista do dia 08/02/02.<br />

137 Em entrevista do dia 06/08/02.

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